A seca está a prejudicar gravemente as explorações de raças autóctones, e poderá contribuir para a redução substancial da produção certificada com Denominação de Origem Protegida (DOP) em Trás-os-Montes.

Se a chuva não cair nas próximas semanas, advinha-se quebras de produção acentuadas, principalmente no Nordeste Transmontano. O maior problema prende-se com as dificuldades em cumprir o caderno de especificações da produção de raças autóctones, que obriga os produtores a obedecer a determinados requisitos para poderem obter certificação DOP. \"Nomeadamente no que respeita à alimentação dos animais que se prevê seja feita com forragens ou produtos locais e que não será fácil os produtores manterem por muito mais meses\", explicou Virgílio Alves, da Federação das Associações de Raças Autóctones (FERA). Embora os cadernos de especificações contemplem a mistura de grão com suplementos alimentares, não é o mais recomendável.

A seca e a geada destruíram os pastos naturais e se persistirem poderão criar sérias dificuldades à produção cerealífera no próximo ano, agravando a situação dos produtores que estão a gastar as reservas do Inverno. Se nos meses de Janeiro e Fevereiro também não houver pluviosidade suficiente, \"a situação será muito grave\", frisou Virgílio.

A Associação de Produtores de Caprinos de Raça Serrana confirmou que a produção de leite baixou consideravelmente nestes meses, altura em que geralmente há mais produção, porque os animais não são suficientemente alimentados. A associação já está a preparar um caderno reivindicativo para apresentar às autoridades competentes.

Virgílio Alves disse que na Raça Maronesa, produzida nas zonas do Alvão, Padrela e Marão, a situação ainda não é tão preocupante como no Nordeste Transmontano, mas poderá agravar-se se a seca se mantiver. Ao nível da agricultura a falta de água nos solos já começa a fazer sentir-se. \"Ribeiras e charcas estão quase secas, as reservas de água estão esgotadas e a produção de cereais do próximo ano ameaçada\", atestou Firmino Cordeiro, presidente da Associação de Jovens Agricultores.

A Concelhia do PS de Bragança acusa a Câmara de \"não estar a fazer uma boa gestão da água\", uma vez que a reserva da barragem Serra Serrada devia ser suficiente para sete meses, mas praticamente foi gasta em três\", acusou Vítor Prada Pereira, da concelhia socialista. O líder do PS considera que o problema estará relacionado com a produção de energia na central de Montesinho, que utiliza água da Serra Serrada, o que terá acontecido durante o Verão. \"Quanto mais água for turbinada na central para produção de energia, e os consumos na rede pública aumentam no Verão, mais água tem que vir da barragem, logo o seu nível freático baixa\", explicou. A Câmara está desde quarta-feira a transportar água em cisternas já tratada desde o Azibo, para poupar as reservas da albufeira. O autarca, Jorge Nunes, garantiu que não haverá cortes à população.



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