O PSD de Vila Real acusou hoje a câmara local de “ter abandonado” à "ação da natureza" a pista do aeródromo municipal, encerrado há uma semana à operação de aviões, e quer saber quando reabre a infraestrutura.

A Câmara de Vila Real anunciou na semana passada o encerramento do aeródromo municipal “por tempo indeterminado” à operação de aviões, depois de ter sido detetado "um perigo de abatimento na pista".

Depois de uma visita ao aeródromo e de analisar “todas as informações disponíveis”, a comissão política concelhia do PSD concluiu que “há um ano a pista já tinha apresentado fragilidades que foram objeto de uma pavimentação corretiva”.

“Desde julho de 2018 a autarquia não desencadeou as operações de observação, estudos e preparação de projeto, com a respetiva orçamentação, para realizar uma manutenção programada da pista. A autarquia abandonou a pista à sorte de nova ação da natureza”, afirmou o partido, em comunicado.

Agora, segundo o PSD, “ocorreu um novo abatimento da pista, mais grave e impeditivo de qualquer ação corretiva ligeira”. “E tudo está por fazer, resultando num abandono durante o último ano que poderia ter sido bem aproveitado”, frisaram os sociais-democratas.

O partido que é oposição na câmara municipal quer saber até quando permanecerá a infraestrutura encerrada e defendeu que a autarquia “deve fazer todos os esforços junto do Governo para declarar a urgência nos procedimentos e permitir a intervenção imediata de recuperação da pista”.

Para o PSD, o aeródromo é essencial para a Proteção Civil, no combate a incêndios florestais, para o desenvolvimento do turismo em Vila Real e na região do Douro e Trás-os-Montes, para as viagens de negócios, de profissionais liberais e académicos e para a formação e treino da aviação civil do Aeroclube de Vila Real.

Por sua vez, o Bloco de Esquerda (BE) de Vila Real considerou que os “recentes acontecimentos no aeródromo são o exemplo perfeito da degradação da infraestrutura pública que hoje corrói o Interior de Portugal”.

“A raiz deste problema encontra-se primordialmente na ausência de uma política nacional de investimento público consistente, gerada pela diminuição forçada da despesa pública que políticas de redução agressiva do défice implicam”, salientou o partido, também em comunicado.

O BE adiantou ainda que, “sobre as eventuais responsabilidades dos executivos camarários no descalabro quase simbólico que representa a construção de um aeródromo em zona de cabeceira de uma linha de água sem a manutenção necessária para evitar o abatimento de uma pista", prefere "aguardar pelo indispensável apuramento de responsabilidades produzido pelo inquérito da tutela, que se espera breve”.

Hoje mesmo o presidente da Câmara de Vila Real, o socialista Rui Santos, afirmou aos jornalistas que a reabertura do aeródromo local aos aviões é uma prioridade para o município, no entanto alertou para o “calvário burocrático” que torna o “processo moroso”.

“Estamos a preparar o caderno de encargos porque a obra é complexa, morosa, é difícil, e temos a perspetiva de que logo que este processo esteja tratado possamos lançar um concurso público para resolver aquele problema” salientou.

Um problema que, acrescentou, “surgiu de forma absolutamente inesperada e que tem a ver com a passagem de uma linha de água, por baixo da pista, que foi danificando o subsolo e foi tornando a pista frágil”.

Em julho do ano passado foi detetado e reparado um “abatimento transversal de um setor central da pista”, no entanto esta reparação revelou-se “insuficiente face aos novos abatimento registados” entre junho e julho deste ano, que obrigam a uma intervenção mais profunda.



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