O PSD de Montalegre defendeu hoje a realização de eleições intercalares na câmara, depois da detenção e renúncia do presidente e do vice-presidente, e desafiou o PS a “não ter medo” de se submeter ao escrutínio.

Orlando Alves e David Teixeira, respetivamente ex-presidente e ex-vice-presidente, foram detidos na quinta-feira, conjuntamente com o chefe da divisão de obras, no âmbito da operação “Alquimia” desencadeada pela Polícia Judiciária (PJ). Um dia depois os autarcas socialistas renunciaram ao mandato.

Fátima Fernandes, vereadora a tempo inteiro e que deverá assumir a presidência do município, já assegurou que a “câmara está a funcionar normalmente”.

Para quinta-feira está agendada uma reunião de câmara, na qual poderá ficar definida a constituição do próximo executivo.

Com a saída de Orlando Alves e David Teixeira, o executivo deverá ser composto por Fátima Fernandes, Ana Isabel Dias, até agora vereadora sem pelouro atribuído, e Susana Barroso e Jorge Fidalgo, os nomes seguintes na lista do PS que venceu as eleições autárquicas em 2021, nas quais o PS conquistou quatro mandatos e o PSD três.

Depois de reunida para analisar a situação política do concelho, a Comissão Política do PSD disse entender que o “novo executivo deve ser validado pelos eleitores, de forma a clarificar as opções políticas para o concelho e legitimar os seus protagonistas”.

“Por isso, defendemos eleições intercalares e desafiamos o PS a não ter medo de se submeter ao escrutínio dos barrosões”, salientou a concelhia social-democrata em comunicado.

O PSD disse que, no entanto, a opção de marcar novas eleições não é sua, pelo que, assegurou, vai continuar “a fazer uma oposição firme e responsável, sempre na defesa dos superiores interesses do concelho”, como diz ter “feito até aqui”.

Os sociais-democratas lamentam que “o bom nome de Montalegre e das suas gentes esteja a ser prejudicado pela conduta imprópria dos autarcas eleitos pelo PS, que provoca publicidade negativa e desprestígio” para o concelho.

“Ainda assim, não podemos dizer que estamos surpreendidos com os últimos acontecimentos, como se conclui das posições que fomos tomando no exercício do nosso mandato de oposição”, referiu.

Para o PSD, a decisão de continuidade encontrada “não parece a melhor solução”, porque “o novo executivo não está preparado e não tem a força necessária para enfrentar o futuro”.

“O município precisa de reformas profundas, nomeadamente no Departamento de Obras, é necessário virar a página, afastar a nuvem de suspeição e iniciar o processo de credibilização da câmara. Além disso, é tempo de preparar o próximo Quadro Comunitário de Apoio e de lançar novas políticas de desenvolvimento do concelho”, salientou.

O PSD disse ainda que Fátima Fernandes é vereadora com pelouro há 17 anos e “esteve sempre alinhada com os autarcas que renunciaram”.

“Se não se apercebeu dos factos que levaram às detenções e às medidas de coação decretadas pelo tribunal, isso é grave, se sabia e não disse nada, é igualmente muito grave. Em qualquer dos casos, não tem condições para ser presidente da câmara”, considerou a concelhia social-democrata.

O PSD afirmou que o “PS Montalegre tem muitas explicações a dar aos barrosões” e questiona se “agora ninguém sabia de nada”.

“É preciso não esquecer, por exemplo, as viagens pagas a não residentes que ajudaram o PS a ganhar eleições desde 2001. Para nós, o sistema de poder dos últimos 33 anos, liderado pelo PS Montalegre, caiu irremediavelmente e esta solução apenas nos vai fazer perder mais três anos”, referiu.

Os três detidos são suspeitos de favorecer familiares e amigos em contratos de obras públicas, estando indiciados pelos crimes de associação criminosa, prevaricação, recebimento indevido de vantagem, falsificação de documentos, abuso de poder e participação económica em negócio.

A PJ explicou que a investigação versa sobre “um volume global de procedimentos de contratação pública, no período de 2014 a 2022, suspeitos de viciação para benefício de determinados operadores económicos, num valor que ascende a 20 milhões de euros”.

Depois de ouvidos no Tribunal de Instrução Criminal do Porto, Orlando Alves ficou em prisão preventiva, David Teixeira ficou sujeito ao pagamento de uma caução de 100 mil euros, suspenso de funções públicas e tem a “obrigação de não permanecer, ou não permanecer sem autorização, no concelho de Montalegre”, enquanto o chefe da divisão de obras teve de pagar uma caução de 50 mil euros e fica suspenso “do exercício de funções públicas” em qualquer entidade detida ou participada pelo município”.



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