Afinal, vai \"morrer solteira\" a culpa relativa à queda da muralha de Chaves junto à rua 25 de Abril uma semana depois de ter sido reconstruída. Isto, ao contrário do que prometeu o presidente da Câmara de Chaves, João Batista, quando, depois do sucedido, anunciou à imprensa a realização de um inquérito para apurar responsabilidades.

O autarca flaviense revelou na passada sexta-feira, durante a iniciativa \"Dar voz ao munícipe\" (ver texto em cima), que o referido inquérito - encomendado ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) - não encontrou responsáveis. Mesmo depois desta entidade ter concluído que a reconstrução da muralha, que ruiu no Inverno de 2000, deveria ter sido feita de uma ponta da Rua 25 de Abril à outra, e não apenas na parte derrubada pelo mau tempo, como aconteceu.

\"E o arquitecto responsável pelo projecto de reconstrução do monumento não tinha obrigação de se ter apercebido disso?\". \"Não terá havido erros de análise por parte deste profissional\", questionaram, intrigados, alguns dos participantes na iniciativa da Câmara. \"O arquitecto só fez o que lhe encomendaram\", respondeu João Batista.

As culpas também não podem recair sobre o empreiteiro que levou a cabo a obra, pois ele também só cumpriu o projecto. E o autarca flaviense mostrou também algum constrangimento em culpar a anterior autarquia, já que também o PSD, enquanto oposição, aprovou o projecto.

Não restando mais ninguém a quem \"deitar as culpas\", o prejuízo, ou seja, o valor já pago ao empreiteiro, cerca de 70 mil contos, teve que sair dos cofres da Câmara.

Apesar de reconhecer que neste caso \"houve desperdícios\", João Batista lembrou que, agora, \"mais importante que chorar o leite derramado é pÎr a muralha de pé\".

Por isso, vai ser elaborado um novo projecto, que envolve um valor entre os 50 e os 54 milhões de euros. Projecto esse que agora já prevê que a estrutura defensiva flaviense do século XVII seja reconstruída de cunhal a cunhal, o que vai obrigar ao derrube das casas que ainda restam encostadas ao baluarte. O presidente da Câmara de Chaves anunciou que já estão a ser negociadas as expropriações, através de um perito oficial.

No entanto, além das habitações, a Câmara será igualmente obrigada a comprar o terreno que fica na parte superior da muralha, até agora utilizado com fins agrícolas. Utilização essa que, ainda segundo o inquérito do LNEC, também terá contribuído para a queda da muralha, na medida em que os lexiviantes produzidos pelas matérias orgânicas das culturas podem levar ao apodrecimento da muralha. A Câmara pretende, por isso, impermeabilizar aquele espaço e conduzir as águas pluviais para outro lado, até para, alertou o vereador António Cabeleira, \"salvar a muralha da rua do Sol, que ninguém sabe em que estado se encontra\".

Segundo João Batista, as despesas com o novo projecto de recuperação da muralha serão repartidas pela Câmara, que pagará os valores relativos à compra ou expropriação das casas encostadas ao baluarte e do terreno da parte superior, e pelo Instituto Português do Património Arquitectónico (Ippar), que suportará os encargos com o projecto e com as obras.



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