Quem É O Emigrante Português Que Atirou A Matar Nos Confrontos Na Venezuela
Por: MundoLuso

O madeirense João de Gouveia está detido preventivamente. Confessou ter sido o autor dos tiros que provocaram a morte a três pessoas e ferimentos graves em mais de vinte.

É acusado pelas autoridades venezuelanas de ter cometido homicídio qualificado, homicídio qualificado frustrado, intimidação pública e porte ilegal de armas de guerra. Este emigrante, solteiro, 38 anos de idade e taxista de profissão, nasceu na freguesia de São Roque, na Madeira. Vive há 20 anos na Venezuela e a 6 de Dezembro atirou a matar sobre a multidão indefesa. Tem queda para as contradições, antecedentes criminais e é uma pessoa estranha. E para complicar a justiça, está a provocar sérios embaraços ao Governo. É por isso que Gonzalez diz, não ter qualquer dúvida de que o presidente Chávez é o autor intelectual do massacre: «É obra de Hugo Chávez Frias, Fredy Bernal, Otaiza, Diosdado Cabello. Como é possível que atentem contra o povo quando lhes dá na cabeça?», sublinhou. «Vocês são testemunhas do que sucede na Venezuela. Este é o presidente que nós temos», alertou o general. O coronel lusodescendente, Brás Sousa Freitas, um dos militares que engrossou a lista da \\"desobediência legítima\\", estava indignado. «Estamos indignados com o que este assassino mandou fazer, a única coisa que queremos é viver em democracia num país livre e não num comunismo como ele (Chávez) pretende implantar na Venezuela, neste belo país». Ao longo de vários dias, o Governo e oposição trocaram acusações mútuas que, na prática, tentaram sustentar que o emigrante português não agiu sozinho no tiroteio que matou três pessoas. Imagens difundidas por um canal de televisão mostravam alegadamente Gouveia numa manifestação \\"oficialista\\" ocorrida na véspera da tragédia, junto de um grupo que é guarda-costas do presidente do município Libertador de Caracas, Fredy Bernal, que é chavista. Logo, para a oposição, há indícios claros do envolvimento do governo venezuelano no massacre. Por seu lado, Hugo Chávez, durante o habitual programa dominical “Aló, Presidente”, desmente as ligações perigosas com o pistoleiro e atesta que João de Gouveia só havia chegado à Venezuela depois desse video ser produzido. «Gouveia andou a pagar favores». Essa é a convicção de alguns portugueses residentes na Venezuela que conheciam o autor confesso dos disparos em Altamira. O \\"Macaco\\" – alcunha de João de Gouveia, devido ao facto de «praticar artes marciais e ter tendência para as zaragatas», segundo confirmou Abel Correia, emigrante madeirense, natural do Porto da Cruz – viajava muito e contava histórias nada credíveis. Por exemplo, gabou-se de ter trabalhado no Palácio Real inglês, onde alegadamente amealhou doze mil libras para comprar o seu táxi. Ninguém o levou a sério. João de Gouveia chegou à Venezuela há 20 anos. Os proprietários da residência onde Gouveia permaneceu durante dois meses garantem que o seu inquilino tinha boa conduta. Nunca suspeitaram de ligações perigosas. Apenas referem que o emigrante foi vítima de um assalto, ficando privado do seu táxi. Contudo, depressa resolveu a situação, tendo confidenciado que o Governo o tinha ajudado a comprar um carro novo. Um dos proprietários de uma conhecida loja de electrodomésticos e de discos portugueses, no centro de Caracas, reconheceu o pistoleiro, recordando-se que, há cerca de dois anos, fez parte de um grupo de quatro assaltantes, detido pela Polícia neste mesmo estabelecimento. Na lista negra constam ainda várias infracções de trânsito e algumas zaragatas. Sidónio Figueira, um outro emigrante abordado pelo \\"TalCual\\", garante ter comprado ao seu ex-empregado de mesa, João de Gouveia, uma pistola Glock 40, idêntica à usada no massacre ocorrido em Altamira, da qual, segundo revelaram as autoridades, foram disparados 99% dos tiros. João Gouveia, nunca foi uma pessoa estável em termos laborais, nunca trabalhou mais de quatro meses no mesmo sitio, sempre em restaurantes de proprietários portugueses e como empregado de mesa. Entre os restaurante conta-se o Vesúvio, onde esteve em 1997, sendo catalogado de pessoa obediente e responsável.



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