Os níveis de radão no interior das habitações de Vila Pouca são o dobro dos recomendados. Vem do solo. A conclusão faz parte de um trabalho de uma estudante universitária, recentemente apresentado na Califórnia, num congresso sobre «Ar e saúde».
Um estudo levado a cabo por uma estudante da Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Coimbra, no âmbito da conclusão da sua licenciatura em Saúde Ambiental, revelou conclusões «preocupantes» no que diz respeito à concentração de radão no interior das habitações de Vila Pouca de Aguiar, localidade de onde a universitária é natural. O radão é um gás radioactivo, inodoro e incolor presente na natureza e, segundo a revista Deco proteste, revista da Associação de Defesa dos Consumidores, estima-se, que, a seguir ao fumo do tabaco, seja o maior responsável por cancro do pulmão.
De acordo com Ana Dias, o estudo teve por base 19 habitações em diversas zonas de Vila Pouca, construídas a partir de vários materiais, e revelou que a concentração média de radão encontrada no interior das habitações foi de 823,74 Bq/m3, um valor que excede significativamente os valores legalmente recomendados. De acordo com a legislação em vigor (Decreto Lei nº79/2006 de 4 de Abril), a concentração máxima de radão no interior de habitações já construídas deve ser 400 Bq/m3. A análise dos níveis de concentração, através das tiras colocadas durante um determinado período nas paredes das habitações, foi feita no Instituto de Tecnologia Nuclear, em Lisboa.
«Não quero alarmar a população, mas entendo que a situação é preocupante e que devem ser tomadas medidas minimizadoras», disse, ao JN, Ana Dias.
Gás vem do solo
Outra conclusão do estudo é que a influência do granito nas casas, em termos da concentração do gás, «é mínima«. «A maior parte da percentagem do radão vem do solo», explica Ana Dias, lembrando que algumas casas «estudadas» não eram feitas a partir de granito.
Quanto às medidas que devem ser tomadas, a autora do estudo diz que devem passar por uma boa ventilação das habitações para que haja renovação do ar; por uma selecção mais criteriosa em relação aos materiais de construção, optando-se pelos anti-radão e pela construção de caixas de ar próximas da terra, para impedir a passagem do radão para as casas. Nas habitações antigas, para impedir essa mesma passagem, devem ser tapadas as fendas existentes.
«Todas as Câmaras deveriam ter estudos desta natureza, não para impedir a construção, mas para os munícipes porem em prática as medidas de minimização«, defende Ana Dias.
Recentemente, o estudo da jovem, de 23 anos, e natural de Vila Pouca de Aguiar, foi apresentado, por um professor da Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Coimbra, que a representou num congresso a decorrer na Califórnia sobre «Ar e ambiente».