A concessão do rendimento Social de Inserção (RSI) ou mesmo arranjar casa e um emprego têm-se revelado insuficientes para resolver o problema da exclusão social da comunidade cigana em Portugal, concluiu hoje um fórum sobre o tema, em Bragança.

De acordo com a Lusa, o núcleo distrital de Bragança da EANP Portugal, a rede europeia contra a pobreza, convidou hoje várias entidades para refletirem sobre a problemática de integração desta comunidade.

Os organizadores querem, com as conclusões elaborar um plano abrangente e, sobretudo articulado entre diferentes instituições por entenderem que está comprovado que a solução para os problemas desta comunidade não passa apenas pela atribuição de subsídios, casa ou emprego.

«Se não for feito mais nada com a família, se não houver uma intervenção articulada e programada, a medida por si só não vai resolver nada e aí então vai-se eternizar porque as condições da família mantiveram-se», concluiu Ivone Florêncio.

A técnica do núcleo de Bragança da EANP ressalva que estas medidas são importantes, mas defende que têm de ser acompanhadas de ações para dar a estas famílias competências para uma efetiva integração.

«O que tem sido, essencialmente feito são ações esporádicas que não têm continuidade, que não têm o envolvimento, nem o comprometimento dos próprios beneficiários», afirmou.

Para esta técnica, o RSI, por exemplo, «é uma importante medida de combate à pobreza e à exclusão social, pelo menos, na minimização das consequências da pobreza extrema, mas por si só não pode ser um fim».

Tem de ser pensadas «outras intervenções cumulativamente», defendeu, acrescentando que «o mesmo sucede quando se dá uma casa sem ensinar condições básicas de convivência».

«A intervenção social, seja com este tipo de beneficiários, seja com qualquer comunidade desfavorecida ou em situação de exclusão não pode passar por aqui, têm de ser ações articuladas, programas em parceria, continuados no tempo para que possam ter resultado porque ações pontuais não resultam», concluiu.

O número de indivíduos de etnia cigana no Distrito de Bragança é desconhecido, segundo a técnica, porque ainda nenhuma entidade fez um levantamento exaustivo dificultado também pela rotatividade destas comunidades.

Sabem, contudo que «existe uma comunidade cigana significativa na região e que praticamente todos os concelhos do distrito têm um avultado número de famílias ciganas e a maior parte a viverem sem condições condignas».

No momento de crise como o que o país enfrenta, as dificuldades desta comunidade vulnerável à pobreza e exclusão aumentam.

«Se nós que não somos de etnia cigana temos dificuldades de integração no mercado de trabalho e de assegurar postos de trabalho, estas pessoas sentem o dobro das dificuldades porque, além das dificuldades que nós sentimos, sentem a exclusão pelo facto de serem de etnia cigana», disse.



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