\"Estes países estão a receber mão-de-obra qualificada, na qual não tiveram de investir nada na sua formação\", diz o vice-presidente da Ordem dos Enfermeiros. Reino Unido é o principal destino. \"Oferecemos de mão beijada a alguns países da Europa um milhão e quatrocentos mil euros\", diz coordenador do curso no Porto.
Pelo menos cinco mil jovens enfermeiros saíram do país à procura de trabalho nos últimos três anos e meio. Durante o mesmo período, o Estado investiu mais de 350 milhões de euros na formação desses profissionais, que agora estão a ser exportados para hospitais estrangeiros, a custo zero.
Os dados são da Ordem dos Enfermeiros, com base no número de profissionais que pediram a Declaração das Directivas Comunitárias, documento necessário para exercer a profissão na União Europeia. Os números são apenas relativos à emigração para outros países da UE, uma vez que a Ordem não tem maneira de contar a saída de profissionais para fora do espaço europeu.
O Reino Unido é o principal destino. \"Estes países estão a receber mão-de-obra qualificada e na qual não tiveram de investir nada na sua formação\", afirma o vice-presidente da Ordem dos Enfermeiros, Bruno Noronha.
\"Os portugueses investiram através dos seus impostos, num activo de futuro que nunca vão ter, porque quando está apto para trabalhar emigra\", sustenta.
E o investimento feito pelo Estado português na formação dos profissionais de enfermagem é grande. Desde o primeiro ciclo até ao final da licenciatura, cada aluno custou mais de 66 mil euros.
\"Estamos a investir, com o dinheiro dos nossos impostos, em formação de alta qualidade que oferecemos a outros países que supostamente terão mais possibilidades do que nós para fazer essa formação\", lamenta o coordenador da Licenciatura em Enfermagem da Escola Superior de Enfermagem do Porto, Luís Carvalho.
\"Se nós dissermos que cada estudante custa 20 mil euros e que, dos que terminaram o curso em Julho do ano passado, emigraram à volta de 70, estamos a dizer que oferecemos de mão beijada a alguns países da Europa um milhão e quatrocentos mil euros. E este é o dado da nossa escola\", acrescenta.
Mas é a emigração que permite que as estatísticas de empregabilidade na área ainda sejam positivas. \"Os dados que temos apontam para uma empregabilidade de 50% dos estudantes. Cerca de 50% destes que estão a trabalhar, estão no estrangeiro, sobretudo em Inglaterra e França\", afirma Luís Carvalho.