O reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro disse ter tomado medidas internas após denúncias de docentes envolvidos em desvios de dinheiro de propinas e solicitado provas à televisão que revelou o esquema para juntar ao inquérito judicial em curso.
A RTP, no âmbito do programa "Sexta às 9", emitiu duas reportagens sobre os acordos de cooperação luso-brasileiros, denunciando que o dinheiro das propinas pagas pelos alunos brasileiros nunca chegaram à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real.
As reportagens envolviam ainda professores da universidade num esquema paralelo que terá captado o dinheiro das propinas e revelaram que, alegadamente, milhares de euros foram parar a contas bancárias no Brasil ligadas aos docentes da academia que estão diretamente envolvidos na coordenação dos chamados protocolos,
O reitor, António Fontainhas Fernandes, reagiu hoje às notícias, em comunicado enviado à agência Lusa, e afirmou que "estão a ser tomadas medidas internas de correção e de responsabilização pelas falhas agora detetadas".
Acrescentou ainda que foram solicitadas "à RTP provas documentais a fim de permitir o bom conhecimento e valoração da respetiva matéria, bem como a respetiva junção ao processo de inquérito que corre termos no Ministério Público do Tribunal Judicial de Vila Real.
"Não obstante esta atuação, não podemos deixar de manifestar profunda preocupação pela situação dos estudantes, os quais merecerão da nossa parte a melhor e possível consideração", salientou ainda o reitor.
Os convénios luso-brasileiros, efetuados com empresas sediadas no Brasil, funcionaram entre 2004 e 2013.
Fontainhas Fernandes explicou que, no início do seu mandato, em julho de 2013, e perante os atrasos no pagamento dos compromissos financeiros das mencionadas empresas, encetou um conjunto de medidas.
Designadamente, frisou, a contratação dos serviços de uma empresa de auditoria externa para efetuar um levantamento exaustivo da situação e propor medidas para regularização das dívidas, ainda o cancelamento junto da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) do funcionamento dos cursos nos moldes anteriores.
O reitor afirmou ainda que, na altura, foi instaurado um processo de inquérito na sequência de uma denúncia anónima e que foi participada ao Ministério Público.
"A universidade tem estado e estará atenta a novos factos relevantes, tomando com cuidado e determinação todas as diligências no sentido da defesa da transparência, da responsabilização e, acima de tudo, do interesse público", sublinhou.
Lusa