As remessas dos emigrantes portugueses em 2011 praticamente estagnaram relativamente ao ano anterior, atingido 2.430 milhões de euros, segundo dados divulgados esta semana pelo Banco de Portugal (BdP) e citados pela Lusa.
Este valor representa um aumento de apenas 0,2%relativamente às remessas de 2010. Ainda assim, é o segundo ano consecutivo em que as remessas de emigrantes aumentaram; em 2009 e em 2008, o valor das remessas dos emigrantes chegou mesmo a cair.
Em valor nominal, as remessas dos emigrantes portugueses atingiram o nível máximo em 2001: 3.737 milhões de euros.
No entanto, nessa altura as remessas tinham já um peso relativo bastante menos importante que nas décadas de 1970 e 1980. Segundo dados do BdP apresentados pela Pordata, em 2001 as remessas representavam 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB) português; em 1979, chegaram a valer 9,6% do PIB.
Nos últimos anos, o peso das remessas de emigrantes tem sido progressivamente menor: desde 2008 que tem estado nos 1,4%. Com base em números do Instituto Nacional de Estatística, a Lusa calculou que as remessas de 2011 também terão representado uma fatia de 1,4% do PIB.
Ainda segundo os números do BdP, o saldo entre remessas de emigrantes e imigrantes diminuiu em 2011, embora a redução também tenha sido pouco significativa. As remessas dos imigrantes em território português aumentaram de 567 milhões em 2010 para 586 milhões de euros no ano passado.
O saldo continua positivo em 2011 para as contas portuguesas: 1.845 milhões de euros, mas reduziu-se 0,75% em relação ao ano anterior.
Contas feitas, o montante das remessas enviadas pelos emigrantes portugueses o ano passado foi equivalente a 240 euros por cada cidadão residente em Portugal.
Por países, Angola já é a terceira principal origem das remessas de emigrantes portugueses, tendo sido a fonte de 147 milhões.
Nos números do BdP, as remessas dos portugueses em Angola estavam assim em 2011 já bastante acima das recebidas de destinos tradicionais da emigração portuguesa, como os Estados Unidos (130 milhões de euros), a Alemanha (113 milhões), o Luxemburgo (68 milhões) ou o Canadá (40 milhões).
No entanto, as principais fontes de remessas de emigrantes continuam a ser a França e a Suíça. Estes dois países representaram mais de metade dos valores enviados para Portugal em 2011: 868 milhões de euros no caso da França, 681 milhões de euros no caso da Suíça.
Os países da União Europeia continuam a representar um pouco mais de metade das remessas dos emigrantes portugueses, mas o valor das transferências intracomunitárias reduziu-se de 2010 (1413 milhões de euros) para 2011 (1354 milhões de euros).
Remessas de imigrantes para o estrangeiro crescem 3%
Quanto às remessas que os imigrantes de outras nacionalidades em Portugal enviam para os seus países, a Lusa destaca os brasileiros, cujas remessas caíram quase 10% em 2011, mas o Brasil continua a representar quase metade do total das transferências de estrangeiros residentes.
Em 2011, o fluxo de remessas enviadas por imigrantes estrangeiros para fora de Portugal cresceu 3,2% relativamente ao ano anterior, para 585,6 milhões de euros.
Deste montante, 47,4% refere-se às remessas de imigrantes brasileiros, o equivalente a 277,5 milhões de euros.
Em 2011, o segundo maior destino das remessas foi a China, com 63,6 milhões de euros, 10,9% do total. Houve um grande aumento nas remessas de imigrantes chineses nos últimos anos: em 2008 eram 10,6 milhões de euros, em 2010 eram 21,7 milhões e em 2011 chegaram aos 63,6 milhões.
Em terceiro lugar na lista de destinos das remessas de imigrantes aparece a Ucrânia (48,9 milhões, 8,4% do total), seguindo-se a França (20,9 milhões, 3,6%) e a Roménia (19,3 milhões, 3,3%).
Ainda segundo os dados do BdP, as remessas para países africanos de língua portuguesa representaram 36,9 milhões de euros, 6,3% do total.