O traçado do IP2, entre a Ponte do Sabor e o Pocinho, em Torre de Moncorvo, continua a coleccionar pareceres desfavoráveis. Agora é a vez da Estrutura de Missão do Douro (EMD) reprovar as soluções previstas e requerer que se «repense o projecto».
\"Não estão reunidas as condições para que se prossigam os estudos de desenvolvimento dos projectos de execução, garantindo uma minimização dos impactes, quer no Alto Douro Vinhateiro quer nas áreas que constituem o Património Mundial da UNESCO\", justifica a EMD no parecer a que o JN teve acesso.
O documento emitido no período de auscultação pública, já concluído, relativa à avaliação dos impactes ambientais, teve por base o que aquele organismo diz ser um \"conhecimento fino\" do território em causa e da estratégia de de-senvolvimento que está traçada para a NUT-Douro, de que \"os vales vinhateiros são elementos marcantes\".
\"Não estamos, na totalidade, de acordo com nenhuma das alternativas em estudo\", sublinha o parecer assinado pelo chefe de projecto da EMD, Ricardo Magalhães. Ressalva, porém, que o troço Junqueira-Ponte do Sabor \"não levanta dúvidas\". A Estrutura de Missão mostra-se, no entanto, \"mais favorável\" ao aproveitamento do traçado actual da EN 102, cuja viabilidade aparece comprometida pela ameaça de cheia milenar no rio Douro. Neste contexto, refere que \"não lhe são perceptíveis\" os motivos para que essa alternativa não tivesse sido exaustivamente estudada, uma vez que \"evitaria o atravessamento do Alto Douro Vinhateiro\". Aliás, o problema da cota da cheia milenar \"não deveria ser tida como uma consideração prioritária\". E uma vez que fosse verificada a inexistência de soluções técnicas para colocar o IP2 acima daquela cota, nada melhor do que \"considerar a possibilidade de convivência com as cheias\".
A EMD também manifestou \"dúvidas\" em relação ao troço do IP2 que vai atravessar os concelhos da Meda e de Foz CÎa.
\"No Vale da Vila interfere de forma muito violenta com vastas áreas de vinha de qualidade (letras A, B e C), prejudicando quintas e explorações\". O organismo recomende a possibilidade de \"revisão da solução de traçado\" e que se analise a viabilidade da \"beneficiação da via pré-existente, conferindo-lhe características de IP\". Caso tal não seja possível, a EMD recomenda o estudo de alternativas próximas do actual traçado e com \"menos impacto para os aproveitamentos agrícolas\".