Os autarcas do Alto Tâmega reúnem-se sexta-feira com o ministro da Saúde para reivindicar a manutenção das urgências médico-cirúrgicas no Hospital de Chaves, disse hoje à Lusa fonte autárquica.
A audiência com o ministro Correia de Campos está agendada para as 17:00, em Lisboa, e nela vão participar os presidentes das seis autarquias do Alto Tâmega, designadamente de Chaves (liderado pelo PSD), Montalegre (PS), Boticas (PSD), Ribeira de Pena (PSD-CDS/PP), Valpaços (PSD) e Vila Pouca de Aguiar (PSD-CDS/PP).
A proposta da Comissão Técnica de Apoio ao Processo de Requalificação das Urgências prevê a desclassificação das urgências do Hospital Distrital de Chaves - que actualmente possuem características médico-cirúrgicas - para uma urgência básica e o encerramento do Serviço de Atendimento de Situações Urgentes (SASU), de Vila Pouca de Aguiar.
Em protesto contra esta reorganização, milhares de pessoas dos concelhos do Alto Tâmega saíram à rua dia 21, tendo bloqueado o trânsito, na fronteira com Espanha, durante cerca de duas horas.
Nesse mesmo dia, o ministro Correia de Campos convocou uma conferência de imprensa para esclarecer o processo de requalificação da rede de serviços de urgência, que motivou a manifestação em Chaves e que o governante classificou como «perturbante da ordem pública e da livre circulação dos cidadãos».
Correia de Campos anunciou então que as alterações na urgência do hospital de Chaves só avançarão após a conclusão das acessibilidades à capital do distrito, Vila Real, o que ocorrerá em Junho, com a inauguração da auto-estrada 24 (A24).
O presidente social-democrata da Câmara de Chaves, João Baptista, sustenta, no entanto, que não está em causa a ligação de Chaves a Vila Real, que a partir do Verão, passará a ser de 70 quilómetros por auto-estrada.
Referiu que o Hospital de Chaves serve as populações dos concelhos vizinhos de Valpaços, Boticas e Montalegre - cerca de 80.000 pessoas - e que algumas localidades de Chaves já ficam actualmente a mais de 45 minutos de distância da urgência local.
João Baptista exemplificou com os casos de utentes da localidade de Cabril, em Montalegre, que têm que percorrer 80 quilómetros para chegar a Chaves e depois teriam ainda que fazer mais 70 quilómetros para Vila Real.
«O próprio ministro já disse que conhece o problema das acessibilidades em Chaves», frisou o autarca social-democrata.
O presidente da autarquia flaviense salientou também que o seu concelho vive actualmente uma «dinâmica de desenvolvimento», com a construção de um casino e o investimento da Unicer em Vidago, no âmbito do projecto turístico Aquanattur, que implica um investimento de 48 milhões de euros.
«Não pode ser a saúde, agora, a contrariar esta dinâmica que ainda vai ser reforçada com a conclusão da A24», frisou João Baptista.