Os resultados do concurso de acesso ao ensino superior são positivos para os politécnicos e revelam já “claramente os efeitos” da política de reajuste de vagas em benefício das instituições no interior, defendeu o conselho coordenador destes institutos.
Em declarações à Lusa, em reação aos resultados da primeira fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior, hoje divulgados, o presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), Pedro Dominguinhos, defendeu que os resultados são já visíveis quer nos alunos nacionais, quer nos internacionais.
“Já se notam claramente esses efeitos, com mais colocados no ensino superior. Dissemos que algumas coisas têm de ser feitas nesse sentido. Dissemos em primeiro lugar que as bolsas do [programa] +Superior deviam ser disponibilizadas aquando do concurso nacional de acesso - e já o são - e acho que isso foi positivo. Este ano até houve um aumento relevante do valor dessas bolsas, que acho também que é extremamente positivo. Nota-se esse efeito de mais estudantes nas instituições do ensino superior, que tem um efeito mais expressivo no número de colocados de estudantes internacionais”, disse.
Os politécnicos de Beja, Portalegre, Castelo Branco, Bragança, Guarda são exemplos de institutos onde as vagas para estudantes internacionais estão já todas preenchidas, com cerca de 100 a 200 estudantes internacionais acolhidos por cada instituição, em média, revelou Dominguinhos.
“Cria-se aqui um ambiente de maior credibilidade, de maior confiança, quer a nível nacional quer a nível internacional, na atração de estudantes e esse é um efeito extremamente positivo e que resulta de uma estratégia concertada que temos vindo a delinear”, disse, referindo o trabalho em colaboração não só com a tutela, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), mas também os ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Economia, embaixadas e consulados.
Pedro Dominguinhos destacou ainda o trabalho de articulação com o Governo e com a diplomacia na atração de estudantes descendentes de emigrantes, que este ano registou “um crescimento muito significativo, que parece revelar que as iniciativas tomadas pelas instituições e pelo Governo ao longo destes últimos cinco ou seis meses junto das comunidades portuguesas surtiram efeito”.
Para o presidente do CCISP, “globalmente”, os resultados da primeira fase são positivos para todo o sistema público, com o crescimento do número de colocados, “expectável pelo número de candidatos” e que permite “voltar a uma tendência que tinha sido interrompida no ano passado”.
Destaca ainda o crescimento dos politécnicos “acima da média nacional”, que “consolida uma tendência” nos últimos anos, traduzida num crescimento em alunos destes institutos de 12% entre 2015 e 2019.
Pedro Dominguinhos salientou ainda o “crescimento consistente” do número de estudantes nas áreas das competências digitais, nas quais “as instituições têm feito um esforço muito significativo” e “um investimento no número de vagas, no número de docentes e equipamentos” para responder às solicitações e a uma “estratégia clara de digitalização da economia”.
O representante dos politécnicos sublinhou também a recuperação do interesse nos cursos de formação de professores.
“Houve aqui uma inversão de tendência que necessita de ser consolidada, em primeiro lugar, porque é preciso valorizar a formação de professores, em segundo lugar porque iremos assistir em breve a uma diminuição muito significativa do número de docentes através das aposentações que se perspetivam a partir de 2021. Estamos a falar entre 4.500 a 5.000 docentes por ano, que naturalmente implicam um esforço para trazer novos docentes para o sistema”, disse.
Pedro Dominguinhos declarou-se “satisfeito com os resultados, que significam mais estudantes para o ensino superior”.
“Nós sabemos que precisamos de mais estudantes no ensino superior, quer ao nível de mais jovens, quer também ao nível da formação ao longo da vida”, disse, acrescentando que “infelizmente”, muitos candidatos pela via dos maiores de 23 anos este ano não vão conseguir ter resposta pública ao seu desejo de entrar no ensino superior, uma vez que muitos cursos não deixaram qualquer lugar por preencher, e manifestando o desejo que nos próximos anos os concursos locais nas instituições possam dar resposta a esses casos.
O número de colocados na primeira fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior aumentou para os 44.500 estudantes, 1,2% acima de 2018, revelam os dados oficiais que indicam ainda que mais de metade entrou na sua primeira opção.
Os resultados da primeira fase do concurso nacional de acesso estão desde hoje disponíveis na página da Direção-Geral do Ensino Superior (DGES) em http://www.dges.gov.pt.
Os candidatos puderam concorrer a 1.087 cursos nas universidades e politécnicos públicos.
A segunda fase de candidaturas decorre entre 09 e 20 de setembro e os resultados são divulgados a 26 de setembro.