O distrito de Bragança tem uma das mais elevadas taxas de mortalidade perinatal (mortes durante a gestação que incluem a morte dos fetos com mais de 28 semanas e crianças com menos de sete dias de vida) do país. No ano passado, a média da mortalidade perinatal no país foi de 4,3 falecimentos.
No mesmo ano, em Bragança, seis bebés morreram no período perinatal. No contexto da Região Norte, onde a média de morte perinatal é de 3,5 falecimentos, a situação agrava-se em Bragança, que tem a taxa mais alta de mortalidade de fetos.
A coordenadora da Sub-região de Saúde de Bragança, Berta Nunes, admite que este tipo de mortalidade \"é um bocadinho alta e está entre as mais preocupantes do país\".
No ano passado, perderam-se quatro fetos com mais de 28 semanas e dois bebés com menos de sete dias.
A maioria das mortes fetais ocorreu em situações de gravidez vigiadas pelo médico, durante o primeiro trimestre de gestação. \"Foram sempre grávidas vigiadas, embora uma delas tenha começado a ser vigiada aqui, o maior período do acompanhamento foi dado em Espanha, pelo que acabou por ter poucas consultas cá\", explicou a coordenadora.
Explicações médicas
As situações de morte estiveram relacionadas com más formações do feto, patologias da placenta e há, pelo menos, um caso em que não se sabe a causa. \"O feto tinha um baixo peso, apesar de estar quase no fim da gravidez\", explicou Berta Nunes.
A coordenadora da Sub-região admite que houve duas situações em que nada se pÎde fazer pela impossibilidade em detectar a causa que levaria à morte dos bebés.
No caso das duas mortes neonatais, \"uma ocorreu sem que nada o fizesse prever, a segunda foi memos vigiada, só teve a primeira consulta às 15 semanas e não se sabe qual foi a causa de morte\", adiantou Berta Nunes.
Após a avaliação dos casos, a coordenadora avançou que \"é sempre possível fazer melhor e evitar estas mortes prematuras\". Recomenda, então, a vigilância da grávida nos cuidados primários, pelo médico de família, uma vigilância que deve ser precoce e continuada, em articulação com a vigilância nos hospitais.
Alerta que se a realização de ecografias é fundamental, não menos importantes são as consultas pré-parto. \"São muito importantes, porque são perto do parto e podem evitar algumas dessas mortes\" acrescentou.
Retrato da situação
No ano passado, nasceram 938 crianças em Bragança, a taxa de mortalidade infantil (nascimentos até um ano) foi de dois casos, uma das mais baixas do país onde a média é de 3,5 falecimentos, a mais baixa registou-se em Vila Real, com 1,8 falecimentos.
Outro dado revela que 20% das mulheres realizam o parto fora da região. Berta Nunes considera o valor elevado e explica que embora haja casos que exigem um maior cuidado e se aconselhe a atenção de um hospital central, a decisão é sempre das mães. Mas esta situação carece de estudo\", concluiu ainda aquela responsável.
