Os estudantes do pólo de Chaves da Universidade de Vila Real (UVR) estão \"de pé atrás\" com a anunciada transformação daquela extensão num Centro de Estudos Superiores. Reunidos em Assembleia Geral, na passada segunda-feira, os alunos universitários decidiram elaborar um documento para expressar as suas \"reservas\" e exigir ao Governo uma \"clarificação\" sobre o referido centro.

Os estudantes do pólo de Chaves da UVR fizeram uma reunião geral na passada segunda-feira para discutir a anunciada transformação do estabelecimento de ensino que frequentam num Centro de Estudos Superiores, conforme anunciou o presidente da Câmara de Chaves, João Batista, depois da reunião que ele e os representantes dos partidos políticos na cidade tiveram com o primeiro ministro e o ministro da Ciência e do Ensino Superior no passado dia 29. A seu próprio pedido, o autarca flaviense também participou na reunião. No entanto, as explicações e as informações que prestou não foram suficientes para convencer os estudantes, que, no final do encontro, acabaram por aprovar a elaboração de um documento a entregar ao ministro da Ciência e Ensino Superior, Pedro Lynce, já no próximo dia 18, aproveitando a vinda do governante a Vila Real.

O conteúdo do documento expressará as dúvidas que os estudantes manifestaram na Assembleia Geral face ao Centro de Estudos Superiores. \"O que é, afinal, um centro de estudos superiores?\", questionou o presidente da Assembleia Geral da Associação Académica da UVR, João Almeida, que a seguir o classificou como \"uma invenção do ministro que ninguém sabe bem o que é\". Além disso, o dirigente associativo referiu que \"estranha que se diga que os direitos dos alunos da UVR estão assegurados com a construção de instalações para outra instituição de ensino [Escola Superior de Enfermagem]\". João Almeida referia-se ao facto do edifício que está a ser construído para a Escola Superior de Enfermagem vir a ser partilhado com a UVR. Uma situação que os alunos deixaram \"claro\" que não lhes agrada, mas que João Batista defende que \"não deve ser entendido como factor de diminuição para a UVR, mas sim de complementaridade\". Além disso, o autarca assegurou que a situação de partilha poderá ser apenas durante alguns anos, pondo mesmo a hipótese de, daqui a algum tempo, o pólo de Chaves da UVR passar para a Escola Fernão Magalhães, no centro da cidade, que poderá vir a ficar livre com a eventual construção de uma ou duas escolas secundárias. Por isso, João Batista lembrou aos alunos que \"a continuidade do pólo em Chaves não está em causa\" e que \"a Câmara continuará a pagar a renda das ac-tuais instalações enquanto houver necessidade disso\".

João Batista, referindo-se à notícia sobre este tema publicado na última edição do Semanário TRANSMONTANO, baseada em informações colhidas junto a dirigentes do PS, disse que \"o Governo socialista nunca chegou a disponibilizar os citados 600.000 contos\". \"A obra apenas foi a concurso\", lembra o presidente, \"mas a verba nunca existiu\".

Centro pronto

dentro de um ano

Mas de que consta, afinal, o tal centro de estudos superiores? Esta foi uma questão que o presidente da Câmara tentou esclarecer, admitindo, desde logo, que a escolha do nome não foi \"a mais feliz\". Mesmo assim, o autarca referiu que o que está em causa é a construção de uma biblioteca, uma cantina (que servirão também aos alunos de enfermagem, já que o edifício que está a ser construído não contempla estes equipamentos) e salas equipadas para novas tecnologias, admitindo a construção de novos espaços \"à medida que sejam necessários\". E quando estarão prontos estes equipamentos? João Batista apontou para daqui a um ano, a mesma altura em que deverá ficar pronta a Escola Superior de Enfermagem. Mas as previsões do autarca deixaram algumas dúvidas aos alunos, uma vez que os referidos equipamentos ainda nem sequer têm projectos.

Numa clara alusão às críticas dos partidos da oposição em relação a esta solução para o pólo flaviense, João Batista referiu que \"não compreende como os que criaram o problema podem estar contra quem o quer resolver\". E ainda a este propósito lembrou: \"Não ganhamos nada se formos contra o ministro [do Ensino Superior]. Ganhamos mais se aceitarmos o que ele tem para nos dar\". João Batista recordou também aos estudantes que o projecto para a construção do pólo deixado pelos socialistas \"não era economicamente viável\" e que, por isso, não foi aprovado quer pelo Governo socialista, quer pelo social-democrata. Em contrapartida, para o autarca flaviense a solução agora apresentada é \"racional\" e \"viável\".

Apesar dos argumentos, o discurso do presidente da Câmara não convenceu os estudantes, que admitem que o documento que irá ser entregue ao ministro \"poderá não fechar o ciclo de contestação\".

O que é que a UVR tem feito por Chaves?

O Governo e a Câmara não foram as únicas instituições a quem os estudantes atribuíram responsabilidades no que diz respeito à situação a que chegou o pólo de Chaves. A Universidade de Vila Real (UVR) também foi beliscada.

A UVR \"não tem feito nada pelo pólo de Chaves\", acusou o aluno António Cunha. Para provar a afirmação, o estudante lembrou que esta foi a primeira vez que a Associação Académica esteve em Chaves, o que o levou a concluir: \"este tem sido um pólo abandonado\".

Na mesma linha, o professor Américo Péres, que já foi responsável pelo pólo, lembrou a \"dualidade de critérios\" que foram adoptados pelo Ministério da Educação no que diz respeito à homologação de cursos, dualidade essa que levou a que não tivesse sido aprovada uma nova licenciatura na área da informática para Chaves. \"A universidade fez alguma coisa para impedir que isso acontecesse? E a Câmara também pediu alguma explicação?\", questionou Américo Péres, que lamentou ainda a falta de autonomia do pólo, lembrando que, \"por causa de simples assinaturas, os alunos de Chaves têm de ir a Vila Real duas ou três vezes por ano\".

A própria Associação Académica (AA) também não saiu ilesa de críticas. Os alunos queixaram-se da \"falta de apoio\" prestada pela associação aos estudantes de Chaves. A este propósito, o presidente da AA, Pedro Torres, anunciou que \"ainda este mês vai ser disponibilizado material de secretaria para Chaves\". \"Não tem lógica que seja só em Vila Real que os alunos possam ter acesso a esses meios\", rematou.



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