O caudal do rio Douro baixou esta noite cerca de 2,5 metros na zona de Peso da Régua sem chegar a galgar a principal avenida da cidade, a João Franco, disse o comandante dos bombeiros.
Durante a tarde de sexta-feira, comerciantes com a ajuda de bombeiros e funcionários da câmara municipal retiraram máquinas, arcas congeladoras, mobílias e roupas de todas as lojas da João Franco, aquela que é a principal artéria da cidade do distrito de Vila Real.
O caudal do Douro chegou a subir cerca de oito metros acima do leito normal e as previsões apontavam para que pudesse galgar a via, tendo permanecido, no entanto, a cerca de um metro abaixo da artéria.
O comandante dos bombeiros de Peso da Régua, Rui Lopes, disse à Lusa, pelas 01:00, que nas últimas cinco horas o rio tem estado a descer “cerca de meio metro por hora”, prevendo-se que esta tendência se mantenha durante a noite.
Àquela hora estavam mobilizados para a ocorrência 21 operacionais, bombeiros, militares da GNR e Proteção Civil Municipal, e ainda sete viaturas.
Rui Lopes disse ainda que, durante o dia, as atenções vão estar centradas nos efeitos da depressão Fabien.
Na Régua, o rio começou por inundar, ainda na quinta-feira à noite, o cais fluvial e o bar e a loja de artesanato ali instalados e, ao início da tarde de sexta-feira, entrou na avenida do Douro.
A Câmara de Peso da Régua cortou ao trânsito as avenidas do Douro, Galiza e João Franco.
A passagem da depressão Elsa provocou em Portugal dois mortos, um desaparecido e deixou perto de 80 pessoas desalojadas, registando-se entre quarta-feira e hoje cerca de 8.500 ocorrências no continente português, na sua maioria inundações e quedas de árvore, envolvendo cerca de 25 mil operacionais.
O mau tempo provocou também condicionamentos na circulação rodoviária e ferroviária, bem como danos na rede elétrica, afetando a distribuição de energia a milhares de pessoas, em especial na região Centro.
No balanço das 20:00 de hoje, a Proteção Civil indicou que, apesar do “ligeiro desagravamento das condições meteorológicas” durante o dia, a situação no rio Douro, na Régua, Porto e Gaia, ”é preocupante”.
Três distritos (Beja, Faro e Setúbal) mantêm-se com aviso laranja (o segundo mais grave) até às 06:00 de sábado, devido a agitação marítima, enquanto 11 distritos estão sob aviso amarelo por causa de precipitação e/ou agitação marítima, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
O IPMA alertou para os efeitos de uma nova depressão, denominada Fabien, que atingirá Portugal no sábado, em especial o Norte e o Centro, estando previstos intensos períodos de chuva e vento forte de sudoeste, com rajadas que podem atingir 90 km/hora no litoral norte e centro e 120 km/hora nas terras altas.
Os efeitos da depressão Fabien não deverão ter em Portugal continental a mesma intensidade do que os da tempestade Elsa, prevendo-se uma melhoria gradual do estado do tempo a partir de domingo.
Foto: Rui Jorge Pires