Robert Silva, chefe da Polícia de Reading, Massachusetts

Factor surpreendente, sobretudo se se atender à curta distância de Boston (10 milhas a Norte), grande centro urbano na Costa Leste.
Nas 9.5 milhas de superfície que compõem o município, o último assassínio ocorreu há 2 anos! “85% da actividade no nosso departamento está orientada para aspectos não criminais”, descreve o chefe Silva, dando bem a ideia da pacatez de Reading, onde a ajuda ao cidadão é a função que mais ocupa os 35 polícias e 10 civis ao serviço do departamento local.
Robert Silva nasceu há 58 anos em Lawrence, Massachusetts. O pai é natural da ilha Graciosa, nos Açores, donde a família Silva emigrou.
“Dos cinco filhos, o meu pai foi o único que nasceu em Portugal”, conta o chefe Silva.
“Foi no regresso aos Açores para cumprir o serviço militar, que o meu avô — que se casara com uma senhora também emigrante açoriana — viu o meu pai nascer”.
Luís Silva, o pai do chefe, já falecido, tinha apenas 9 meses de idade quando veio para a América. O avô Silva era barbeiro de profissão; Robert Silva, o chefe, acabaria por nascer em Lawrence, MA, onde cresceu e fez o liceu. Após isso, estudou também o ofício de barbeiro e exerceu a profissão durante dez anos, entre Lawrence e Reading.
Conta, divertido com as partidas que a emigração provoca, que o pai mal falava português. Mas que, como os avós, pelo contrário, era em inglês que mal se pronunciavam, sua mãe — que é de origem francesa — “e para se poder comunicar com os meus avós, acabou por aprender o idioma e falar melhor que o meu pai”.
Embora hoje não se arrependa pitada da mudança que fez (“foi o melhor que podia ter acontecido para mim e para a minha família”), Robert Silva confessa ter deixado a carreira de barbeiro e ter-se tornado polícia primeiro em Lawrence, em regime part-time, e depois em Reading, a tempo inteiro, por razões económicas.
“Tinha três filhos e a ocupação de barbeiro oferecia pouca segurança e regalias nenhumas”, explica.
Em 1972 começou a patrulhar as ruas de Reading. Fê-lo durante 5 anos.
Depois, foi promoção atrás de promoção: de sargento passou a tenente e de tenente a número dois do departamento da polícia em Reading.
Há cerca de ano e meio, foi nomeado chefe da polícia — também o único português afecto ao importante núcleo de segurança no município.
“É uma profissão muito gratificante, quer se seja de origem portuguesa ou de qualquer outra origem”, afirma o chefe Robert Silva.
“Eu fui muito influenciado pelo meu tio paterno, Michael Silva, que era secretário do mayor de Lawrence e trabalhava muito de perto com a polícia.
Foi motivado por ele, também, que mudei de carreira”.
O chefe Silva, que espera trabalhar até à idade da reforma, diz que não conhece Portugal, mas a mulher, que é de origem irlandesa, já esteve em Lisboa.