A empresa de transporte de passageiros Rodonorte, sediada em Vila Real, está a estudar medidas para atenuar a escalada do preço dos combustíveis, como a diminuição de frequências de autocarros ou eliminação de rotas que são deficitárias.

“O impacto é muito grande, principalmente neste ano de 2021. Desde o início do ano tem havido aumentos praticamente todas as semanas, contabiliza já um aumento de 23%”, afirmou hoje Jorge Santos, administrador do grupo Santos/Rodonorte, no dia em que o preço voltou a subir em alguns postos de abastecimento.

Com cerca de 300 autocarros que operam principalmente no Norte do país, incluindo na rede de transportes públicos urbanos de Vila Real, a transportadora gasta uma média de 3,5 milhões de litros de combustível por ano.

E, segundo o responsável, cada cêntimo de aumento do preço do gasóleo representa 35 mil euros a mais de gasto por ano.

Mas, a acrescentar aos combustíveis, verificou-se também uma subida dos custos de manutenção, como os óleos, e as próprias viaturas.

Comparativamente com 2019, ano de operação regular (antes da crise da pandemia de covid-19), Jorge Santos aponta uma diminuição da receita da empresa na ordem dos “65 a 70% e um aumento dos gastos para “120 a 125%”.

Para enfrentar o aumento da despesa, o responsável explicou que o grupo está a estudar medidas para implementar a curto e médio prazo, que podem passar pela diminuição de algumas frequências dos autocarros ou pela eliminação de rotas.

E deu como exemplo percursos com quatro frequências que podem passar a ter duas ou em vez de o transporte em alguns percursos deficitários se fazer diariamente passar a ser feito apenas em alguns dias da semana.

“Tem a ver com uma lógica de diminuição de gastos para, de uma forma direta, diminuir o consumo e, assim, controlar este aumento excessivo que tem havido nos combustíveis”, frisou.

E, segundo Jorge Santos, algumas medidas dependem essencialmente de uma decisão da empresa, enquanto outras estão a ser concertadas com a associação representativa do setor que reúne este mês.

“Também vamos chamar a este processo as autoridades de transporte, nomeadamente comunidades intermunicipais e municípios. No caso de não ser possível proceder a alguns ajustamentos na parte da receita, pelo menos na parte da despesa tentarmos, de certa forma, controlar estes défices que têm sido cada vez mais agravados”, afirmou.

As tarifas são, na maior parte dos serviços prestados pela empresa, definidas pelo Estado e, segundo salientou, a empresa não tem “forma de repercutir, seja no cliente final, ou de outra forma este aumento de custos”.

O responsável criticou ainda a carga fiscal nos combustíveis.

Jorge Santos disse que a empresa está em processo de aquisição de veículos elétricos, nomeadamente dois autocarros midi 100% elétricos e dois carregadores de baterias, para integrarem a frota dos transportes públicos urbanos de Vila Real, concessionada à Rodonorte. O preço base do concurso público é de 778 mil euros.

“Estamos a fazer esse caminho, mas é um caminho que vai demorar bastante tempo”, salientou.

O administrador apontou o “investimento incomportável”, já que as viaturas são muito caras, a autonomia que ainda é uma dificuldade, bem como o abastecimento de forma elétrica da frota.

Atualmente a viver o período com preços de gasóleo e gasolina mais caros dos últimos três anos, Portugal viu na semana passada, pela primeira vez, o custo de venda ao público de um combustível ultrapassar a barreira dos dois euros por litro em alguns postos de abastecimento das áreas de serviço nas autoestradas.

A redução da taxa do imposto sobre produtos petrolíferos (ISP) aplicável à gasolina e ao gasóleo verificada este fim de semana foi considerada insuficiente pelos consumidores.



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