Os projectos de ensino experimental de ciência nas escolas vão regressar em 2006, depois de um interregno de quatro anos. A sexta edição do concurso Ciência Viva - a Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica - foi oficialmente aberta ontem. Com um financiamento estimado na ordem dos cinco milhões de euros, o concurso deste ano vai apostar nos projectos do ensino básico.
As candidaturas estão abertas para as escolas e instituições científicas e prolonga-se até dia 16 de Dezembro. Os projectos aprovados vão ter início em 2006.
Para a directora da Agência Ciência Viva, Rosália Vargas, \"é essencial investir no básico, uma vez que depois de cumprida a escolaridade obrigatória, raras são as oportunidades de obter um ensino experimental, que é a verdadeira forma de aprender ciência\".
A apresentação pública do concurso contou ainda com a presença do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago, que lançou o projecto em 1996. O ministro salientou a importância da contribuição da ciência experimental para o sucesso escolar - \"a experiência dos outros países mostra que as actividades práticas, em grupos organizados, combatem a exclusão educativa e social na escola\". \"Sempre me opus à ideia de uma escola igual para todos. Que todos tenham que estar sentados e quietos nas suas cadeiras, significa condenar metade à exclusão. E Portugal desperdiça, a cada geração, metade da população no insucesso escolar\", concluiu.
Rosália Vargas considera até \"estranho ter que se apelar ao ensino da ciência pelo método experimental. Todos percebemos que é a maneira óbvia de aprender.\"
Em declarações ao DN, o ministro afirmou esperar que \"a carência a nível científico nos últimos quatro anos nas escolas faça aumentar os projectos\" que rondaram os 800 em 2001, a quinta edição do concurso.
Mariano Gago espera ainda que o próximo concurso traga propostas \"com mais parcerias a nível internacional, até porque a própria Agência se internacionalizou muito nestes últimos anos\".
O regresso do concurso é a \"vitória da persistência e o reconhecimento social do trabalho das instituições científicas e das escolas, onde muitos projectos se mantiveram mesmo sem financiamento\", disse o ministro.
Para Mariano Gago, a Ciência Viva teve ainda outro mérito - \"o de abrir a comunidade científica ao exterior. Aprenderam que não basta comunicar as boas novas, há que saber ouvir\".