A Rota dos Artesãos, apresentada hoje em Chaves, quer homenagear os que mantêm e modernizam a arte de trabalhar o barro, madeira ou pedra e preservam a identidade cultural do Alto Tâmega e Barroso.

A Associação de Desenvolvimento da Região do Alto Tâmega (ADRAT), promotora do projeto, disse, em comunicado enviado à agência Lusa, que “o artesanato é um testemunho vivo da evolução do engenho humano ao longo dos séculos” e que o Alto Tâmega e Barroso “é rico em manifestações artesanais”.

E frisou que a rota é “uma homenagem às mãos criativas que, ao longo de décadas, têm vindo a moldar e a preservar a identidade cultural do território”.

No projeto, que está em construção e pretende divulgar o artesanato, já estão inscritos vários artesãos, como Marta Malheiro que criou a "Barro Alto", em Chaves, e faz peças de cerâmica, inspirando-se na tradicional olaria negra de Vilar de Nantes, acrescentando-lhe contemporaneidade.

A Associação para o Desenvolvimento de Vilar de Nantes (ADVN) – Barro Negro que quer manter viva a prática ancestral do barro negro também se juntou ao projeto, tal como Dinis Cunha, um artesão que promove a arte da cestaria na região.

Paula Chaves, licenciada em Design do Produto, regressou a Chaves para se juntar à empresa do pai “O Marceneiro”, uma fábrica e ateliê vivo, onde criam diferentes peças de mobiliário, enquanto Joaquim Pio aproveita os restos da lenha para criar pequenas figuras em miniatura.

Em Boticas, José Marques tem o projeto “Arte e Lar” e cria peças nas quais conjuga madeiras com outros tipos de matéria-prima, e Joana Caldelas faz bijuteria a partir de materiais como cortiça, o aço ou as pedras naturais.

Em Montalegre, está instalado o ateliê “Arte da Terra”, um espaço expositivo e de trabalho, com peças em exposição dos seus três fundadores – José Teixeira, Maria Carvalho e Carolina Garfo - e onde o barro é a personagem principal, e, na Oficina do Burel, o ex-professor de música Carlos Medeiros cria artigos exclusivos para crianças e adultos.

José Gonçalves tem uma paixão pela madeira e faz miniaturas de utensílios agrícolas ou artigos do folclore transmontano, em Valpaços, concelho onde, depois de vários anos no estrangeiro a trabalhar como piloto de aviação, Nair Tete abriu a “Terra Rústica”, uma loja onde produz sabão de azeite extra virgem e de plantas da região.

Por sua vez, António Mesquita dedica-se ao oficio de correeiro albardeiro, trabalhando com fibras do couro e tramas da palha.

Em Vila Pouca de Aguiar, Óscar Rodrigues esculpe troncos de madeira com motosserras, Raul Oliveira lapida o granito criando elementos decorativos como relógios de sol, emblemas de clubes ou bancos de jardim, e Guilhermino Rodrigues constrói, com diferentes tipos de madeira, réplicas de catedrais da Europa e dos Estados Unidos da América que tem expostas num pequeno museu, em sua casa.

A ADRAT disse que “se vive num cenário de constante mutação, onde os alicerces tradicionais e os valores ancestrais parecem desvanecer-se no tecido da memória coletiva, distantes das rotinas do dia a dia”.

“Neste contexto, o artesanato assume-se ainda como uma poderosa âncora, relembrando-nos da riqueza da nossa herança cultural, parte essencial da nossa singularidade e identidade”, justificou.

A Rota dos Artesãos está incluída no projeto LOCAL CRAFT UP – Cooperação Leader, apoiado pelo Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) 2020, cujo principal objetivo passa por valorizar os produtos artesanais locais.

Esta valorização está a ser feita através da cooperação dos grupos de ação local (GAL), envolvendo os seus associados e os produtores e artesãos das regiões envolvidas, através de atividades de demonstração, de partilha de conhecimentos, de promoção da produção artesanal e do intercâmbio entre as regiões parceiras.

A rota foi apresentada durante um seminário, no qual foi também possível ver uma mostra de artesanato.



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