Depois da autarquia alfandeguense ter decretado dois dias de luto em memória do artista, sabe-se, agora, que uma rua de Alfandega terá o seu nome, entre outras homenagens póstumas.

 

Depois de, no passado sábado, o país ter parado com notícia do falecimento do mestre José Rodrigues, a Câmara Municipal de Alfandega da Fé não podia deixar passar em claro este acontecimento e decretou dois dias de luto municipal, domingo e segunda-feira. Isto porque as origens do artista plástico, que morreu aos 79 anos, remontam à vila transmontana, onde emprestou, em 2004, o nome à Casa da Cultura e onde permanecem diversas peças da sua autoria, sendo que, a mais recente, chegou, sensivelmente, há três anos.

“A última obra que encomendámos ao mestre foi, precisamente, um cristo que está na Casa da Cultura, se bem que, na mesma altura, fez um busto nos Cerejais do Cónego Ochoa, um padre muito amigo da família e que também fez uma obra muito importante no concelho”, começou por revelar a autarca alfandeguense.

De acordo com Berta Nunes, “os dois dias de luto foram uma forma de homenagear o mestre José Rodrigues, cuja família é de Alfândega da Fé e onde ele passou grande parte da sua juventude, mantendo, depois, uma relação sempre muito próxima com as suas origens”. E tão próxima foi essa relação que espalhadas pelo concelho alfandeguense existem mais de duas dezenas obras do conceituado artista português, entre painéis de azulejos no mercado, em frente à biblioteca municipal e, ainda, algumas esculturas, desenhos e pinturas.

“O próprio mestre José Rodrigues, disse num filme que foi feito há uns anos sobre a sua obra e vida, que muita da sua inspiração relativa à religiosidade popular visível em muitos dos seus trabalhos, vem dos tempos que passou em Alfândega da Fé”, desvendou a edil, manifestando que “sentimos o mestre como parte da nossa família”.

Agora e após a sua morte, o município divulgou que é sua intenção atribuir o nome de José Rodrigues a uma rua em Alfândega da Fé. “Para além das homenagens que lhe prestámos em vida, queremos, também, que a rua da casa dos seus pais, onde ainda habitam pessoas da sua família, fique com o seu nome”, adiantou Berta Nunes, em conversa com o Diário de Trás-os-Montes. “Essa decisão já foi aprovada na última reunião de Câmara e vamos propor à Comissão de Trânsito que a rua S. João de Deus passe a chamar-se rua Mestre José Rodrigues”, assegurou a autarca.

Para além dessa homenagem póstuma, o município pretende, ainda, colocar em mostra artística todas as obras existentes no concelho da autoria do escultor na Casa da Cultura, bem como acolher uma exposição itinerante que irá percorrer o país e o mundo em memória a José Rodrigues. “Essa decisão de recebermos a exposição já tinha sido tomada antes da sua morte e, evidentemente, que, agora, ganha até um outro significado como forma de homenagearmos o mestre ao preservarmos a sua memória”, asseverou Berta Nunes, para quem esta foi “uma tremenda perda para o concelho e para a cultura nacional”.

Entre outras obras, também em Bragança, na Rotunda da Avenida das Forças Armadas, o mestre José Rodrigues deixou a sua marca e herança cultural espelhada numa escultura de homenagem ao 25 de Abril. Ainda a norte, mais precisamente, na cidade Invicta, é possível encontrar outra obra da sua autoria, o cubo da Praça da Ribeira. Para além do património artístico, José Rodrigues foi um dos fundadores da Cooperativa Cultural Árvore e da Bienal de Vila Nova de Cerveira.

As cerimónias fúnebres decorreram no passado domingo em Matosinhos, onde o artista viveu grande parte da sua vida. Na despedida, marcaram presença várias personalidades das mais diversas áreas.

 

Fotografia: in Público

 



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