No dia 20 de Janeiro é o dia do Mártir S. Sebastião e o Baixo Barroso faz reviver uma das maiores manifestações de fé e tradição da fraternidade que o País pode ver, uns chamam-lhe Mesinha, outros Papas, outros a Roda e outros simplesmente vão ao S. Sebastião.

Na época mais fria do ano, em que as pestes e a fome mais matavam e o peso das guerras mais se fazia sentir, S. Sebastião era uma lufada de ar fresco para quem lhe faltava a comida na mesa e o calor no coração. Em Salto, os lavradores de modo rotativo, este ano a casa do Cabo do Amial com a ajuda da comissão de Festas, organizam esta festividade.

O pão (cerca de doze mil) e vinho (três mil litros) foram o mote para alimentar muito mais que o estômago. Pela manhã realizaram-se as cerimónias religiosas, eucaristia, procissão com o carro de bois a carregar a pipa e a bênção do pão e do vinho.

Depois, a venda e distribuição dos “Mordomos”, a parte do pão e do vinho que são adquiridos para levar para casa para os familiares e amigos, para os animais ou mesmos para guardar.

Pelo início da tarde, começa a festa de rua com a “Roda”, onde o pão e o vinho são distribuídos gratuitamente por todos os presentes, que se aquecem à fogueira, cantam e celebram a amizade.

Sim, o pão não traz nada é simples pão e vinho que se repartem como na eucaristia... Mas os bolsos trazem segredos bem guardados que mal a Roda começa também se começam a revelar, os segredos da fraternidade… “Que trazes aí no bolso?” ,“Chegue-se aqui à minha beira que a navalha quer fazer a partilha da nossa amizade”.

E essa é a verdade, se antes a solidariedade era o pão e o vinho, ela agora ainda sai mais reforçada pela partilha dos Bolsos, mais secas ou mais verdes, mais vermelhas ou escuras com mais ou menos pimenta, todos os bolsos são abertos para celebrar a fraternidade de S. Sebastião, e se as barracas de pequenos produtores locais já colmatam o esquecimento de alguns, as bocas e os coração de todos deliciam-se com a partilha do precioso fumeiro da fraternidade.

Em Salto, no S. Sebastião a festa é do vinho e do pão, e os bolsos vieram vazios porque lá encontrei um irmão.
Reportagem de: Gabriel Pereira


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