Mais de 70 mil portugueses emigram anualmente, a maioria tem menos de 29 anos. A entrada de imigrantes também diminuiu, assim como, os países de origem. Os dados são divulgados no relatório anual da OCDE. O sociólogo Jorge Salvador afirma que «são más notícias, que indicam que o País não tem capacidade para fixar os seus jovens».

A longo prazo, o “País perde activos e ganha idosos, colocando em causa a sustentabilidade da Segurança Social”. Para este investigador, “a saída de jovens e a reduzida entrada de imigrantes tem também graves consequências na demografia do País, invalidando a capacidade de reprodução da população”.

São cada vez mais os portugueses que decidem abandonar o País à procura de uma vida melhor. Actualmente, mais de 70 mil pessoas emigram todos os anos e a maioria tem menos de 29 anos. Portugal surge assim, no relatório da OCDE, ao lado da Grécia, Irlanda, Itália e Espanha, onde já era expectável que o agravamento da situação económica levasse a um aumento da emigração. As mesmas razões, a crise económica e a falta de emprego, provocaram também uma diminuição de entradas no País e uma mudança nos países de origem. A maioria dos imigrantes que vive em Portugal é agora de países lusófonos, em especial de Cabo Verde e Brasil. Já os imigrantes de Leste são cada vez menos.

O sociólogo Jorge Salvador afirma que “são más notícias, que indicam que o País não tem capacidade para fixar os seus jovens” e que os mesmos, ”qualificados e, nalguns casos, com experiências profissionais acabam por optar pela emigração, levando o País a perder o que de mais valioso tem, ou seja, os seus recursos humanos”.

“Uma tendência grave que, no caso, do País não conseguir sair, rapidamente, da situação em que se encontra vai aumentar”, avançou também Jorge Salvador. Acrescentando que “sem estes jovens é impossível dinamizar a produção, renovar e intensificar a actividade empresarial”.

O sociólogo Jorge Salvados mostrou-se preocupado, igualmente, com a diminuição de entrada de imigrantes e frisou que os países de origem já não são os mesmos. “O perfil da imigração modificou-se radicalmente, porque Portugal deixou de ter atractividade, por exemplo, para os imigrantes de Leste. Portugal recebe agora mais imigrantes dos PALOP e do Brasil e neste caso com tendência para diminuir, dada a prosperidade que a economia brasileira está a demonstrar”.

Para Jorge Salvador, “a saída de jovens e a reduzida entrada de imigrantes tem também graves consequências na demografia do País, invalidando a capacidade de reprodução das populações. Como resultado ficamos com mais idosos e menos activos”.

Jorge Salvador terminou referindo que “todas estas situações se vão traduzir em mais preocupações para um País que vai ter de responder às necessidades, cada vez maiores, dos mais velhos, devido também ao aumento da esperança média de vida. Vai provocar ainda, uma diminuição de activos, que leva a um decréscimo nas contribuições para a Segurança Social, fazendo perigar a sua sustentabilidade”.



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