A empresa Savannah disse hoje que teve como prioridade desenvolver para a Mina do Barroso, em Boticas, um projeto que permita assegurar que os impactes serão de “baixa incidência” ou “mesmo eliminados”.

O projeto da Mina do Barroso encontra-se em fase de Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) e o período de consulta pública decorre até 02 de junho.

No âmbito do procedimento de AIA, realizou-se uma sessão de esclarecimentos ‘online’, quarta-feira ao final da tarde. Após o evento o presidente da Câmara de Boticas, Fernando Queiroga, criticou a “falta de resposta” a muitas questões e também a Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso (UDCB) disse ter saído da sessão “como entrou”, ou seja, “pouco esclarecida".

Entre as preocupações apontadas pelos participantes estão a salvaguarda da qualidade do ar, da água ou da proteção da fauna e da flora da região e também com o ruído que poderá vir a ser sentido no decorrer da operação.

A Savannah referiu hoje, em comunicado, que relativamente a estes eventuais impactes, o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) conclui que “são reduzidos e serão geridos de forma abrangente com uma estratégia de desenvolvimento sustentável compatível com o território, a promoção da qualidade do meio ambiente e da qualidade de vida da população local”.

A empresa afirmou que manteve "sempre como prioridade o desenho de um projeto que permita assegurar que os impactes serão de baixa incidência ou mesmo eliminados”.

Disse ainda que este “projeto será um exemplo de sustentabilidade e inovação que vai recorrer às melhores técnicas disponíveis, através de um investimento significativo em inovação”, apontou a “monitorização contínua de poeiras" e explicou que a “água será maioritariamente proveniente do bombeamento das cortas da mina, furos de água e águas de escorrência, recolhidas dentro do perímetro da mina, fazendo com que a qualidade da água da região não seja afetada”.

O ruído, acrescentou, “será reduzido e dever-se-á essencialmente à circulação de veículos”, a qualidade dos solos “será monitorada, gerida e preservada, pois a operação não utilizará produtos químicos que possam alterá-la”, a “recuperação total de terrenos será feita no final da vida útil da mina" e "os terrenos da área de concessão serão reabilitados”.

A Savannah disse ainda que desenhou um plano de partilha de benefícios que prevê a criação de um fundo comunitário com uma dotação de 500 mil euros anuais, o que dá um total de seis milhões no período total de exploração da mina.

Elencou também o plano de boa vizinhança, que terá 100 mil euros anuais e prevê a partilha de algumas das infraestruturas construídas para o projeto da Mina do Barroso com toda a comunidade.

Segundo a Savannah, o investimento na Mina do Barroso “resultará em significativos benefícios económicos, sociais e demográficos, de longo prazo, como o investimento de cerca de 110 milhões de investimento para desenvolvimento e construção de infraestruturas locais, e a criação de 215 empregos diretos e entre 500 a 600 indiretos”.

O projeto da Mina do Barroso tem como foco principal a produção de concentrado de espodumena, para posterior alimentação de estabelecimentos mineralúrgicos de processamento de lítio, tendo como subprodutos o feldspato e quartzo para alimentar a indústria cerâmica e vidreira, e prevê a instalação de um estabelecimento industrial (lavaria).

O autarca de Boticas, que se apõe a esta mina, disse hoje ter pedido à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) o prorrogamento do prazo de consulta pública, considerando que, no prazo de 30 dias úteis, é “humanamente impossível analisar 7.000 páginas” e lembrando existir documentação “que só agora” irá ficar disponível.



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