A Sé de Vila Real está a ser alvo de obras de recuperação. A intervenção, a cargo do Instituto Português do Património Arquitectónico (Ippar), incluiu o levantamento de siglas, trabalhos de conservação interior e exterior da torre sineira, o restauro dos sinos e do relógio, assim como do retábulo e do cadeiral da capela-mor, e a substituição de coberturas. Numa segunda fase, já iniciada, a remodelação passará pela conservação interior da nave e da sacristia, pela instalação de sistemas de iluminação, de som e segurança, assim como pelo arranjo paisagístico da zona envolvente.

Seguindo uma \"estratégia de modernização\", o Ippar convidou o pintor transmontano (nascido em Vidago) João Vieira para desenhar os novos vitrais da Sé. O artista recorreu a uma \"tecnologia de ponta\", mas que ainda conserva algumas características produtivas artesanais, para conceber um conjunto de vitrais destinados à fenestração das naves laterais e do clorestório, ao vão da rosácea e aos janelões da capela-mor. Por opção do autor, estes vitrais são de índole cromática e não figurativa, o que, segundo o presidente do Ippar, Luís Calado, provocou \"algum receio\", tendo em conta a futura reacção do bispo diocesano. No entanto, João Vieira explicou desde logo que o seu objectivo passava por traduzir em todos os vitrais do edifício o mistério do Verbo, segundo os textos do Apocalipse e do Prólogo do Evangelho de São João.

O pintor salienta que este trabalho foi \"um desafio\", porque, \"apesar de ter alguma experiência em vitrais, nunca tinha feito algo do género, muito menos para uma Sé\". Sentindo-se \"honrado e orgulhoso\", explica que colocou \"poesia\" nestes vitrais, \"para lhes dar a maior beleza possível\", até porque, no seu entender, \"é a palavra que nos distingue dos outros seres\".

O ministro da Cultura, Pedro Roseta, felicitou o pintor pelo seu trabalho e o bispo \"pela sua coragem, ao aceitar a criação e o diálogo da arte contemporânea com a arte secular\".

As obras da Sé estão orçadas em um milhão e duzentos mil euros, financiadas na primeira fase pelo Programa Operacional da Cultura.

Foi ainda assinado, na semana passada, um protocolo com a Quinta do Bucheiro, uma quinta familiar de produção de vinho, em que o Ippar e o responsável pela exploração, José Teixeira, acordaram rotular vinho do Porto com uma inscrição subordinada ao tema da Sé. Uma percentagem da venda do produto reverterá a favor do Ippar.

Santa Marta de Penaguião
Igreja de S. João de Lobrigos recuperada

O ministro da Cultura visitou também a Igreja de São João Baptista de São Lobrigos, no concelho de Santa Marta de Penaguião, inaugurada há cerca de um mês. A obra custou 274 mil euros, dos quais 179 mil foram pagos pelo Ippar e o restante pela população e pela Câmara. O templo, datado de 1782, foi alvo de obras de recuperação total das coberturas e da estrutura de suporte do tecto, de electrificação do interior, e de tratamento da talha e da pintura interior.

Resolveram-se assim problemas como o ataque da madeira pelo insecto xilófago, a falta de estabilidade estrutural de elementos que compunham a talha, lacunas e destacamentos generalizados da policromia e sujidades superficiais que ocultavam a percepção das pinturas.



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Agricultor de 44 anos,

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