Sebastião Alba, o poeta indigente, será recitado, em pequenos vídeos produzidos pela companhia de teatro bracarense “Produções Ilimitadas Fora d´Horas”, a pedido da Câmara de Braga, para assinalar a comemoração do dia mundial da poesia, a 21 de março.
Os vídeos estão a ser gravados em diferentes partes da cidade de Braga e serão transmitidos através da página de Facebook da autarquia. Os locais de gravação são alusivos á vida do poeta, que na fase final de sua vida dormia ao relento na capela de Santo Adrião.
Camilo Silva, ator conhecido na cidade, recorda a O MINHO alguns pormenores sobre o poeta: “Sebastião nasceu em Braga, depois viveu muitos anos em Moçambique, e quando voltou para Braga vivia como um sem abrigo. Não tinha documentos, não tinha nada”.
Os vídeos foram gravados nas Ruínas da Cividade, na Fonte do Ídolo, numa paragem de autocarro onde o poeta costumava escrever e na capela de Santo Adrião, onde pernoitava.
Estão envolvidos nas filmagens um realizador e seis atores. O diretor artístico é José Miguel Braga.
Sebastião Alba
Dinis Albano Carneiro Gonçalves, cujo pseudónimo é Sebastião Alba, foi um escritor naturalizado moçambicano, que pertenceu à vaga de autores moçambicanos reconhecidos na literatura lusófona.
Nasceu em Braga, mas viveu a infância com a família na Torre de Dona Chama, em Mirandela, até partir para Moçambique em 1950.
Voltou a Portugal em 1984, tendo alternado a residência entre a «Cidade dos Arcebispos», Braga e a Torre de Dona Chama.
Em Moçambique formou-se em jornalismo e leccionou em várias escolas.
Publicou, em 1965, “Poesias”, inspirado na sua própria biografia e os seus três livros colocaram-no numa posição cimeira no ambiente cultural bracarense.
Faleceu aos 60 anos atropelado numa rodovia. De herança deixou um bilhete dirigido ao irmão: “Se um dia encontrarem o teu irmão Dinis, o espólio será fácil de verificar: dois sapatos, a roupa do corpo e alguns papéis que a polícia não entenderá”.
O seu corpo está sepultado no cemitério de Torre de Dona Chama de onde eram naturais seus pais.
Por: Tomás Guerreiro, Jornal O Minho