A União dos Sindicatos de Castelo Branco afirmou hoje que a mudança da Secretaria de Estado da Valorização do Interior para Bragança acontece devido à ausência de uma "verdadeira política" para o interior e comparou-a com os "amores de verão".

"Esta mudança da Secretaria de Estado [de Castelo Branco para Bragança] tem várias razões. De entre elas destacamos a ausência de uma verdadeira politica para o Interior e de coesão territorial que, como vamos vendo, é como os ‘amores de verão’. Passam e mudam depressa", afirma, em comunicado, o coordenador da USCB, Luis Garra.

O sindicalista sublinha que já se adivinhava esta situação, sobretudo devido à mudança de funções do anterior secretário de Estado, João Paulo Catarino, e "ao silêncio, quase ensurdecedor", por parte das estruturas distritais do PS e dos seus eleitos na Assembleia da República: "Eram sinais, por demais evidentes, que indicavam que assim ia ser".

Para este responsável, esta lógica de "ziguezague", traduzida em constantes mudanças de sedes e de rumo, serva para esconder "o falhanço das políticas" e fazer crer que algo está a ser feito, com o único intuito de criar "falsas expectativas" nas populações.

Adianta ainda que antes da Secretaria de Estado para a Valorização do interior foi criada a Unidade de Missão (UMVI) que, na prática, foi dissolvida sem informação formal e oficial aos membros do seu Conselho Consultivo.

"A criação da secretaria de Estado para a Valorização do Interior foi acompanhada de um foguetório mediático e a centralidade da sua localização em Castelo Banco foi dada como acontecimento político de grande alcance e a prova da influência política dos eleitos e das estruturas distritais do PS. E agora que saiu, é o quê?", questiona.

Por último, o sindicalista refere que esta mudança não pode ser desligada da tentativa de fuga do Governo ao contacto direto com as populações e os seus representantes já que a sua localização em Castelo Branco (centro do Interior) facilitava um contacto geograficamente mais amplo e a realização de ações públicas e dá como exemplo a questão da abolição das portagens.

"Se a fuga ao contacto foi um dos objetivos que presidiram à mudança, queremos afirmar que, pela nossa parte, USCB, seguiremos o velho ditado: Se Maomé não vai à montanha, vai a montanha a Maomé. Para nós, tão importante como haver um ministério para a Coesão Territorial e a Secretaria de Estado estar em Castelo Branco ou em Bragança é termos políticas concretas e eficazes para o interior", sustenta.

O coordenador da USCB entende que o novo Ministério da Coesão Territorial e a sua Secretaria de Estado para a Valorização do Interior só serão importantes se tiverem autonomia e capacidade de decisão.

"O combate às assimetrias sociais e económicas, a travagem da crise demográfica no Interior e a abolição ou não das portagens vão ser testes à sua capacidade e real poder de decisão", conclui.



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