A greve dos enfermeiros paralisou ontem os serviços cirúrgicos no hospital de Bragança, o principal do Nordeste Transmontano, onde se verificou a maior adesão, com 72% dos profissionais em protesto, segundo dados sindicais.

Acoordenadora regional do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), Elisabete Barreira, indicou à Lusa que os números da adesão nos três hospitais desta região integrados na Unidade Local de Saúde (ULS) Nordeste são de 72% em Bragança, 68% em Macedo de Cavaleiros e 46% em Mirandela.

No hospital de Bragança, "os serviços cirúrgicos estão completamente parados, o bloco operatório também e na medicina intensiva e urgência a adesão é de 100%".

De acordo com a dirigente sindical, "vão-se notar também alguns transtornos na prestação de cuidados nos serviços de internamento porque ficam enfermeiros em número mínimo, e as cirurgias programadas foram canceladas".

Já as consultas externas estão "a funcionar normalmente".

A adesão corresponde às expectativas do sindicato que garante que "a insatisfação é geral e os motivos são os mesmos que se arrastam ao longo dos anos".

"Às vezes os números da greve podem não refletir o descontentamento porque as pessoas também ponderam: são dois dias de greve, são dois dias de perda salarial que às vezes faz falta no orçamento e entendemos perfeitamente os motivos", afirmou Elisabete Barreira.

Para a coordenado regional do sindicato, "é extremamente importante nesta altura do campeonato" os enfermeiros mostrarem o seu "descontentamento pela forma como está a ser negociada a nova carreira e as propostas que não estão a ser muito decentes em relação à nossa classe".

"Queremos uma carreira que seja o reflexo daquilo que fazemos com categorias e com escalões que reflitam o nosso trabalho e adequar o salário às nossas funções e competências", concretizou.

A sindicalista apontou que continua a haver no Serviço Nacional de Saúde "enfermeiros com contratos com salários diferentes e com direitos diferentes, que nem sequer progrediram ou que nem sequer foram atualizados"

"Continuamos com enfermeiros especialistas a quem não foi pago o suplemento que já lhes deveria ter sido pago em janeiro. Nomeadamente nesta instituição ninguém recebeu", continuou.

Segundo disse, "os enfermeiros contratados não foram atualizados, nem sequer fizeram progressão" e os profissionais com vínculo à Função Pública estão "estagnados em termos de carreira" por falta de uma lei que "não sai do papel".

Na ULS Nordeste, o suplemento não foi pago a nenhum enfermeiro especialista e aos enfermeiros contratados não lhes foi descongelado o vencimento, de acordo ainda com a dirigente sindical.

Elisabete Barreira apontou outro problema local, o da falta de profissionais, com a particularidade de ter aberto uma bolsa para recrutamento e "ainda não terem chamado ninguém".

"Entrámos para as 35 horas e ninguém foi substituído, ninguém entrou", afirmou, acrescentando que "mantém-se o número de profissionais a ganharem horas extraordinárias, o que aumenta o cansaço das equipas e é uma situação que não se pode arrastar durante muito tempo".



PARTILHAR:

Uma mulher foi detida pela PSP por agredir o próprio filho

Festividades religiosas levam milhares de fiéis a Chaves