Vítimas eram obrigadas, sob ameaça violência física e psicológica, a trabalhar das 05:00 às 22:00 sem folgas e sem salário
Um cidadão estrangeiro foi detido e foram libertadas sete pessoas, também de nacionalidade estrangeira, que estariam a ser exploradas em trabalho escravo no sul do distrito de Bragança
O suspeito de recrutar e escravizar as alegadas vítimas tinha residência em Carrazeda de Ansiães, mas acabou por ser detido no país de origem, que as autoridades não divulgaram, no âmbito de mandados de detenção europeus.
Extraditado para Portugal, o homem de 29 anos, foi presente às autoridades judiciárias competentes junto do Tribunal de Vila Flor, onde foi interrogado, tendo ficado a aguardar julgamento em prisão preventiva, segundo a PJ.
O indivíduo é suspeito dos crimes de tráfico de pessoas, sequestro e escravidão e foi detido no âmbito de uma investigação que levou "à identificação de um grupo criminoso com laços familiares de nacionalidade estrangeira, fortemente indiciado pela prática continuada de crimes de tráfico de pessoas para exploração laboral".
As vítimas, de acordo com as autoridades, "todas com dificuldades financeiras no país de origem onde exerciam atividades laborais indiferenciadas, eram aí recrutadas pelos suspeitos, para a prestação de serviços na área da agricultura na região de Trás-os-Montes".
A PJ divulgou que o recrutamento era feito com a promessa de "trabalho e condições dignas, incluindo remuneração, transporte de e para os locais de trabalho, alojamento e alimentação".
"No entanto, em lugar das condições oferecidas pelos recrutadores, era-lhes retirado o passaporte quando chegavam a Portugal e forçadas a trabalhar contra a sua vontade, sob ameaça, violência física e psicológica, sendo coagidas a laborar numerosas horas diariamente (das 05:00 às 22:00), sem folgas e sem salário", adianta a Polícia, em comunicado.
Segundo ainda a PJ, "esta prática criminosa perdurou, pelo menos, de abril a junho do corrente ano, até que duas das vítimas conseguiram fugir do local onde pernoitavam e denunciar a situação às autoridades policiais".
A PJ e a GNR de Mirandela procederam, então "à libertação de mais sete pessoas que se encontravam nas mesmas circunstâncias no local e providenciado pelo retorno assistido das mesmas para o seu país".
No decurso das investigações veio a ser identificado o principal responsável por esta atividade criminosa, um cidadão estrangeiro de 29 anos de idade, com residência em Carrazeda de Ansiães, que entretanto tinha fugido para o seu país de origem.
Por solicitação da PJ, e em concertação de esforços com as autoridades policiais estrangeiras, foram cumpridos mandados de detenção europeus no âmbito do inquérito, sendo aquele suspeito detido no seu país de origem já no decurso do corrente mês.