A empresa Sevenair disse hoje que espera recuperar em um ano a perda de passageiros na ligação aérea que liga o Norte ao Sul do país, devido à covid-19 e ao fecho da pista em Vila Real.
Dois anos e nove meses depois, o avião da carreira área que liga Bragança a Portimão (Faro), com paragem em Viseu e Cascais, voltou hoje a fazer escala no aeródromo de Vila Real.
A aeronave aterrou na pista transmontana, recuperada após ter sido detetado um risco de abatimento em julho de 2019, pouco depois das 12:00 e com oito passageiros a bordo, quase todos da comitiva da empresa concessionária da linha regional. O avião pode transportar um total de 18 passageiros.
Alexandre Alves, da Sevenair, classificou a escala em Vila Real como “extremamente importante” para esta operação, pois representava “cerca de 25% do total de passageiros da linha regional”.
O “efeito” covid-19 e o encerramento da escala naquele aeródromo “afetaram bastante” a operação e tiveram como consequência a diminuição da taxa média de ocupação para “cerca de metade” da verificada em 2018.
A carreira transportou 13.446 passageiros em 2018, 11.561 passageiros em 2019 (Vila Real funcionou até junho deste ano), 6.493 em 2020 e, em 2021, 7.973.
“Acreditamos que, com a estabilização da pandemia e com o retomar desta linha, talvez daqui a um voltaremos a ter aqui os números como tivemos em 2018”, afirmou Alexandre Alves.
E com o aumento do preço dos combustíveis a poder afetar as viagens rodoviárias, o responsável disse esperar que a linha regional se torne numa alternativa.
“Porque as tarifas que foram criadas nesta operação de concessão pública foram feitas desde o início para ser competitivas em relação a todos os outros meios de transporte. Se fizerem a comparação, um passageiro numa viatura ou num autocarro, ou num comboio. fica sempre mais caro do que utilizar esta operação e, com o aumento dos combustíveis, esse fator agrava-se ainda mais”, referiu.
Alexandre Alves disse ainda acreditar que a empresa não terá que aumentar as tarifas praticadas. “Vamos cumprir com as tarifas que existem, estamos a sofrer um impacto, mas que está a ser absorvido pela companhia aérea, portanto o passageiro não vai ver refletido no seu bilhete este aumento”, frisou.
O preço dos bilhetes, ida e volta, pode variar entre os 80 e os mais de 100 euros e a viagem de Bragança a Portimão demora cerca de duas horas.
No verão, há duas viagens diárias a atravessar o país, enquanto no inverno é apenas uma. A tipologia de passageiros também varia de acordo com o período do ano, mais professores universitários, estudantes, empresários e políticos no inverno, e mais turistas e emigrantes no verão.
“A linha aérea é mais uma opção, uma opção mais barata, mais rápida, igualmente segura e uma excelente opção para aqueles que querem ir a Lisboa, ir e vir no mesmo dia, ou para aqueles que querem ir ao Algarve e podem também fazê-lo quase no mesmo dia”, reforçou o presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos.
Alexandre Alves disse que, nos últimos anos, a empresa teve “seguramente dezenas de pedidos” de turistas, empresários e grupos organizados, que pretendiam visitar o Douro, para a realização de charters para o aeródromo de Vila Real.
“Não pudemos responder a essas solicitações durante este período, mas acreditamos que é um mercado que, agora sim, vamos conseguir trabalhar e acrescentar. Obviamente que o foco é potenciar a linha regional, mas não temos impedimento de fazer voos adicionais”, salientou.
Rui Santos lembrou a situação difícil e complicada resultante do perigo abatimento da pista, em 2019, que fechou o aeródromo à operação de aviões. Os helicópteros puderam continuar a aterrar.
“Imediatamente após o enceramento, tentamos encontrar primeiro soluções técnicas, depois financiamento e depois alguém que pudesse executar a obra. Foi um processo delicado, moroso, mas que termina hoje com a reabertura desta pista, após um investimento de cerca de 600 mil euros só a cargo do município”, frisou o autarca.
Rui Santos disse ainda que o município está a proceder a estudos e que, apesar dos “constrangimentos herdados”, nomeadamente as construções à volta do aeródromo, para que se possa fazer, no futuro, uma intervenção mais profunda que permita “alargar a pista, aumentando-a para os 1.200 metros”.
“Não é um processo imediato, mas é um processo que estamos a trabalhar”, frisou.
E, depois da rede rodoviária e do transporte aéreo, o autarca disse ter a expectativa de ter no Plano Nacional da Ferrovia a possibilidade de incluir uma linha que também passe por Vila Real, ligando o Porto, Bragança e Zamora (Espanha), onde já há uma ligação ao TGV.
Foto: Bruno Taveira