As conclusões do simulacro de acidente rodoviário realizado na quinta-feira à noite, no túnel do Marão, em Amarante, determinarão eventuais melhoramentos na segurança, afirmou o comandante da proteção civil no distrito do Porto.
"Vamos analisar como correu o exercício e isso depois há-de ser alvo de um relatório", referiu Rodrigues Alves.
Falando aos jornalistas no final do simulacro, o comandante operacional acrescentou que as autoridades vão "agora confrontar com aquilo que está escrito, com aquilo que foi pensado" e que, se for necessário, "haverá ajustamentos".
Questionado sobre os tempos de resposta dos meios de socorro observados no simulacro, afirmou não ter, àquela hora, "nenhuma identificação que algo tenha corrido menos bem".
"A intenção é realizar mais simulacros, praticar e repetir. Insistir é sempre o melhor nestas coisas e daí virão as melhorias", acrescentou.
O simulacro realizou-se no lado sul do túnel, por onde se processa habitualmente a circulação no sentido Amarante-Vila Real da A4, o mais propício à ocorrência de incêndios, por estar no final de uma longa subida que provoca sobreaquecimento das viaturas.
O cenário envolvia um motociclo, um automóvel ligeiro, que tinha sido tomado pelas chamas, e um mini-autocarro, que se envolveram num acidente ao quilómetro 37,7, com os meios de socorro a serem ativados às 23:40.
O primeiro meio a chegar ao local foi uma unidade móvel da Infraestruturas de Portugal, cinco minutos após início do exercício. Entretanto, já tinha sido ativado o sistema de extração de fumos do túnel e retirados os passageiros do autocarro.
A equipa permanente de bombeiros profissionais, de proteção e socorro, instalada recentemente pela tutela na infraestrutura, chegou ao local do sinistro às 23:50, efetuando o combate ao fogo e socorrendo as vítimas que estavam encarceradas no interior do ligeiro.
"Projetámos uma equipa de proteção e socorro para estar cá em permanência e é isso que estamos aqui a avaliar hoje", frisou o comandante distrital.
O primeiro carro de bombeiros de maior dimensão só chegou ao acidente às 00:16, iniciando as operações de desencarceramento das vítimas.
Confrontado com o tempo que demoraram os bombeiros de Vila Real e Amarante a chegar ao local, lembrou que nada se pode fazer nesse aspeto, porque as corporações estão longe do túnel.
"Não conseguimos alterar a localização dos bombeiros, daí programar estas equipas em permanência aqui, oriundas desses corpos de bombeiros", observou aos jornalistas.
As operações de socorro prolongaram-se cerca de uma hora, envolvendo 54 operacionais e 17 viaturas, a maioria dos bombeiros da Cruz Branca, de Vila Real, e da corporação de Amarante.
O secretário de Estado da Proteção Civil, José Artur Neves, acompanhou o exercício na sala de comando, à entrada do túnel, do lado de Amarante.
No final, em declarações aos jornalistas, lembrou que o túnel do Marão é "uma infraestrutura crítica, de grande dimensão", mas dotada da "melhor tecnologia do mundo, no que respeita às estruturas, aos equipamentos de socorro, de proteção e de emergência".
A propósito do simulacro, defendeu que se está a "responder à exigência de prevenir riscos". "Conhecendo-os, desenvolvemos os planos de forma a mitigar esses riscos, ao nível do que melhor se pratica no mundo inteiro", reforçou.
Para o governante, ter-se colocado no túnel, "em permanência, equipas profissionais, capacitadas e devidamente estruturadas para responder de imediato a essas situações foi um passo muito grande".
Sobre as conclusões do exercício, afirmou: "Agora os profissionais da área vão avaliar e o que for necessário testar melhor, naturalmente será testado. Isto é um exercício permanente".
Para José Artur Neves, as conclusões técnicas dos simulacros, como o que se realizou no túnel do Marão, permitem, numa ótica de prevenção, "trabalhar bem os planos prévios de intervenção, devidamente conjugados com os planos de emergência internos".
Foto: Ricardo Vieira