Com o Centro de Interpretação da Cultura Sefardita e, agora, o Memorial e Centro de Documentação Sefardita, Bragança poderá tornar-se um ponto de passagem obrigatória para os judeus espalhados pelo mundo.
Aconteceu na passada sexta-feira, dia 16 de junho, a inauguração na Rua Abílio Beça do Memorial e Centro de Documentação Bragança Sefardita. Uma obra orçada em 386 mil euros e que foi inaugurada em pleno decorrer do evento Terra(s) de Sefarad, aproveitando a presença de centenas de judeus na cidade.
“Estamos aqui a inaugurar mais um equipamento cultural, este sim ligado à cultura sefardita, um projeto interessante que vem dar um contributo maior para aquilo que é a preservação da memória e da presença sefardita em Bragança”, começou por declarar o edil brigantino à comunicação social, sublinhando as componentes de investigação e expositiva da infraestrutura recém-inaugurada.
Segundo Hernâni Dias, “este é um equipamento que vem complementar um outro”, referindo-se ao Centro de Interpretação da Cultura Sefardita inaugurado em fevereiro. Apesar de, neste momento, não existir uma comunidade judaica ativa na capital nordestina, certo é que a sinagoga construída no Memorial e Centro de Documentação Bragança Sefardita permitirá, no futuro e com a inclusão da Torá ou Torah, considerado o texto central do judaísmo, a realização de cerimónias religiosas.
Para além da embaixadora de Israel em Portugal, marcou presença na cerimónia, entre outras individualidades, o presidente do Conselho da Comunidade Sefardita de Jerusalém. Em entrevista, Abraham Haim, também o próprio judeu sefardita, frisou a importância única da sinagoga. “Em qualquer comunidade judaica, a sinagoga é considerada o coração, o centro da vida da comunidade. Na realidade, sem sinagoga, sem esta instituição, só há pessoas que coexistem”, frisou, confessando-se emocionado por aquilo que representa a inauguração deste novo equipamento, simultaneamente, cultural e religioso.
“Quando, agora, se constrói, se inaugura uma sinagoga específica moderna e não medieval, com toda a tecnologia e informação com apresentações da vida religiosa judia, eu vejo isso como um dos passos importantíssimos, há mais, todos os eventos desta semana se consideram um marco neste processo de reencontro de Bragança, suas autoridades e seus habitantes com os judeus”, explicou o alto dirigente da comunidade judaica, referindo-se a todos os eventos integrados na iniciativa promovida pela autarquia brigantina, no que ao evento Terra(s) de Sefarad diz respeito como o congresso, as exposições e até o concerto da israelita Yasmin Levy no Castelo.