O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) alertou hoje em Bragança que ainda há 40 profissionais da Unidade Local de Saúde do Nordeste (ULSNE) que aguardam pela integração na carreira de especialistas.

“Se calhar é a instituição do país, e não é a maior do país, onde há um maior volume de enfermeiros que têm o título de especialista e que até hoje não integraram a carreira. Mais uma vez queremos relembrar isto porque o Ministério da Saúde tem de olhar para estas situações específicas”, declarou aos jornalistas Alfredo Gomes, dirigente nacional do SEP, à entrada do Hospital de Bragança, onde se concentraram cerca de 15 profissionais.

Na ULSNE, segundo o sindicato, o número total de enfermeiros ronda os 700.

“Estes enfermeiros não estão na tabela salarial dos especialistas. Mensalmente, no ordenado base, são menos 150 euros que recebem. Para muitos deles chega aos 200 euros a menos por mês. E se quiserem concorrer a um lugar de enfermeiro gestor, não podem”, detalhou Alfredo Gomes.

Nesta situação está Cláudio Barros, enfermeiro na área da emergência hospitalar.

“Sou enfermeiro especialista pela Ordem dos Enfermeiros desde 2013. E não transitei nem em 2017, nem 2018, nem 2019. Não foi reconhecida a minha especialidade nesta instituição. Isso implica receber menos e interfere com a progressão na carreira”, explicou o também dirigente sindical.

O sindicato mostrou ainda preocupação com outros 40 profissionais que integraram a instituição durante a pandemia, nos chamados “contratos Covid”, e que se mantêm numa situação precária.

“Saiu há bem pouco tempo um despacho que autoriza os conselhos de administração a transformar esses contratos em sem termo e a contratar mais enfermeiros, desde que não exceda o numero de trabalhadores que tinha a 31 de dezembro”, enfatizou Alfredo Gomes, que revelou que a carência de especialistas levou na passada semana ao encerramento pontual de camas na unidade de cuidados intensivos em Bragança, passando a ser o hospital de referência em Vila Real.

Esta foi a primeira de uma série de iniciativas previstas pelo SEP, que incluem uma ronda pelo país ao longo do mês de agosto para dar ênfase às dificuldades locais. Para sexta-feira está marcada uma greve nacional.

Alfredo Gomes disse que os enfermeiros estão descrentes, depois de anos de luta em que “as conquistas são poucas”.

“Quando o Ministério da Saúde há 15 dias reúne com os enfermeiros e põe uma proposta em cima da mesa para reformular a carreira com a subida de 50 euros só para a primeira posição remuneratória, se não está a gozar connosco… No programa eleitoral disse que a carreira de enfermagem era para ser reformulada e revalorizada”, considerou Alfredo Gomes, acrescentado que a falta de valorização tem já consequências.

“Basta perguntar aos conselhos de administração as taxas de absentismo, que têm crescido em flecha”, rematou Alfredo Gomes.



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