A Associação de Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa pode estar em risco de falência. Em causa está o atraso no pagamento dos subsídios às Associações de Raças Autóctones, que afecta muitas outras entidades semelhantes no país.
Fernando Sousa, responsável técnico da Mirandesa, admitiu que a situação \"é preocupante\", uma vez que ainda não receberam as verbas relativas à maior parte do ano de 2007. A única informação oficiosa de que dispõem é de que as ajudas poderão vir a ser reduzidas em 50% relativamente ao valor do ano passado. \"Não temos qualquer certeza sobre isto, não sabemos quando e quanto vamos receber, isto não ajuda porque assim não há como fazer o planeamento\", explicou.
Se os pagamentos continuarem atrasados e forem reduzidos em 50%, a Associação da Mirandesa poderá ficar com o \"funcionamento impossibilitado\", afiançou Fernando Sousa. No último ano, os produtores já comparticiparam o funcionamento com valores entre os 36 e os 48%, quando o programa de financiamento devia pagar 85%. \"Assim não há capacidade de manobra, a associação pode ficar em incapacidade financeira e a continuar assim pode falir\", avançou ao JN.
O pagamento dos ordenados dos trabalhadores e a gestão do quotidiano, nomeadamente o pagamento aos fornecedores, tem sido assegurado com dinheiros da Cooperativa de Produtores de Raça Mirandesa. \"Há associações sem dinheiro para o dia-a-dia\", garantiu.
O problema é transversal à maioria das Associações de Raças Autóctones nacionais, uma parte substancial não realizou contratos com o Estado em 2007, apesar de continuarem a fazer a prestação de serviços. Em Setembro passado, o Instituto de Financiamento e de Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura e das Pescas (IFADP) pagou 50% das ajudas referentes ao primeiro semestre do ano, mas tendo como referência valores de 2006.
Em Fevereiro deste ano foram pagas mais de 25% das ajudas também do primeiro semestre de 2007. Quanto ao resto do dinheiro não sabem quando será disponibilizado. As associações não têm fundos próprios e os produtores dizem que não estão em condições de investir do seu próprio bolso.
