O transporte de grávidas de Mirandela está a ser feito sem meios nem pessoal formado para prestar a primeira assistência. A denúncia é de Rui Silva, secretário administrativo da Liga dos Bombeiros Portugueses, e surge dez dias depois de a maternidade de Mirandela ter encerrado, por ordem do Ministério da Saúde.

Rui Silva, que acusa o ministro de tutela, Correia de Campos, de ter ignorado os bombeiros no processo de fecho de maternidades, diz que a situação é prejudicial para as parturientes e para as corporações, falando, mesmo, em \"sérias dificuldades, sobretudo em casos de risco\".

Segundo o dirigente, \"há falhas graves no plano de articulação de cuidados a grávidas que têm de ser apontadas\", nomeadamente no que respeita a meios. No distrito de Bragança, há apenas uma viatura de Emergência Médica e de Reanimação, centralizada no hospital da capital de distrito, que se ficar inoperacional ou estiver ocupada \"terão de ser os bombeiros a tomar conta da situação, envolvendo riscos e capacidade de intervenção\".

Formação por marcar

E aqui Rui Silva volta a apontar lacunas os bombeiros voluntários não têm formação adequada para prestar assistência a grávidas e, por ora, apenas se sabe que ficou decidido na semana passada (ocorrida dois dias após o fecho da unidade) estabelecer um plano de formação para corporações, sem ser ditada, porém, qualquer calendarização.

Por outro lado, sabe-se que os bombeiros de Mirandela apenas têm uma ambulância equipada com kit de partos, \"o que é manifestamente insuficiente quando confrontados com casos em simutâneo\".

Desde que a maternidade de Mirandela fechou, no passado dia 10, antes de ser conhecida a decisão do tribunal que deu razão ao ministro e não aceitou providências cautelares, foram quatro as grávidas transportadas pelos bombeiros locais, sendo que três delas optaram por ir para o Hospital de Vila Real, alegando \"melhores condições\" e usando o \"direito de opção pelo bloco de partos da sua preferência\". Só uma decidiu ter a criança em Bragança.

O protocolo de articulação de cuidados refere que \"as grávidas que, em início de trabalho de parto, acorram aos centros de saúde da Sub-Região de Saúde de Bragança ou à unidade hospitalar de Mirandela serão encaminhadas, preferencialmente via CODU/INEM e de acordo com as normas em vigor para a unidade hospitalar de Bragança ou para o hospital com bloco de partos da sua preferência\".

Tanto para Vila Real como para Bragança, os bombeiros têm de efectuar 120 quilómetros (ida e volta), despesa acrescida que \"não está ser paga nem foi actualizada\". Antes do fecho da maternidade de Mirandela, os bombeiros utilizavam uma ambulância do INEM e pelo transporte recebiam uma taxa fixa de três em três meses. No entanto, a pedido do Governo Civil de Bragança, as corporações de bombeiros estão a fazer um levantamento de novas despesas para dialogar com o INEM a curto prazo.



PARTILHAR:

Abastecimento de água da vila

Corte de energia que durou cerca de 11 horas