Um idosa de 95 anos morreu na Santa Casa da Misericórdia de Bragança, elevando para cinco o número de óbitos na instituição que mantém 97 utentes e 26 trabalhadores com infeção pelo novo coronavírus, informou hoje a instituição.

O mais recente balanço é de cinco mortes, todas mulheres com idades entre os 78 e os 95 anos, 97 utentes positivos e 26 trabalhadores, de acordo com dados da Misericórdia.

Entre os utentes que testaram positivo há oito que estão internados no hospital de Bragança, segundo José Fernandes, porta-voz e membro da direção.

Nas últimas horas não foram comunicados mais casos positivos e falta conhecer os resultados de 24 de um total de quase 700 testes realizados nas diferentes respostas sociais, desde o início do surto, a 23 de setembro.

Segundo a instituição, o surto ficou circunscrito aos três lares de idosos, onde foram feitos mais de 300 testes e mais de um terço deram positivo, a esmagadora maioria entre os utentes.

Nas restantes valências, nomeadamente Unidade de Cuidados Continuados, Centro de Educação Especial, infantários e escolas, não houve casos positivos, de acordo ainda com informação da instituição.

O porta-voz, José Fernandes, afirmou, na quinta-feira, que a instituição reconhece que falhou no surto que afeta essencialmente os lares de idosos.

Os resultados dos testes têm revelado que o foco se concentrou nos três lares de idosos da Misericórdia e o porta-voz, que faz parte também da direção, admitiu que houve falhas, que a instituição está a refletir sobre o que se passou e que fará as correções necessárias.

“É óbvio que falhou alguma coisa porque quando há um surto de infeção falha sempre alguma coisa, mas não falha só aqui, infelizmente falha no mundo todo”, afirmou.

Segundo disse, no final da crise em curso, “há de ser escalpelizado” o que falhou, “há de ser debatido e se falhou alguma coisa” será corrigida.

Com os trabalhadores em quarentena ou em isolamento profilático, começam a evidenciar-se as necessidades de recursos humanos que estão a ser colmatadas com uma brigada de intervenção rápida e uma equipa médica e de enfermagem.

O porta-voz da Misericórdia explicou que a Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste disponibilizou uma equipa de quatro médicos e três enfermeiros do Serviço Nacional de Saúde que começou a trabalhar na instituição na manhã de hoje.

“Esta brigada dá-nos apoio, estamos no limite das nossas capacidades, mas também sabemos e já o transmitimos, se for preciso vêm meios humanos para nos reforçar”, apontou.

Exemplo dessa disponibilidade de apoio é a brigada de intervenção rápida com enfermeiros e auxiliares que estava previsto ficar até hoje, mas que deverá “prolongar por mais sete dias a sua missão”, segundo José Fernandes.

O porta-voz da Misericórdia expressou ainda “preocupação” com o impacto deste surto na comunidade para além do risco de possíveis contágios que estão a ser rastreados pela Saúde Pública.

“Estamos a falar de um universo de 1.003 pessoas (entre funcionários e utentes) numa cidade pequena como Bragança, entendo a preocupação que toda a gente da cidade pode ter porque a Santa Casa da Misericórdia é uma instituição transversal à cidade de Bragança e poucas serão as pessoas, poucas serão as famílias que não têm algum relacionamento com a Santa Casa”, salientou.

A Misericórdia de Bragança é a maior instituição social e um dos maiores empregadores do Nordeste Transmontano e é também aquela onde ocorreu o maior surto de infeção pelo novo coronavírus na região, desde o início da pandemia.

O distrito de Bragança regista um total de mais de 900 casos de infeção confirmados e 35 mortes associadas à covid-19, desde março.



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