Cem anos depois do fim da Grande Guerra, o Município de Murça organizou as comemorações do Armistício da Primeira Guerra Mundial, no passado dia 11 de novembro.

Esta iniciativa, alusiva à assinatura do documento que simboliza o fim do conflito mundial que aconteceu entre 1914 e 1918, foi realizada em conjunto com o Exército Português e pretendeu assinalar esta data histórica, mas também homenagear Aníbal Augusto Milhais, conhecido como Soldado Milhões, figura natural deste concelho que se tornou um herói nacional.

O programa iniciou-se com o descerramento de uma lápide evocativa do Soldado Milhões no cemitério da sua terra natal, Valongo de Milhais. Ainda nesta localidade, foi celebrada uma Missa Solene, presidida por D. Amândio Tomás, Bispo da Diocese de Vila Real.

Já em Murça, na Praceta Herói Milhões, as cerimónias com honras militares foram presididas pelo Tenente-general Fonseca e Sousa e pelo presidente da Câmara Municipal de Murça, Mário Artur Lopes, que, juntos, procederam à deposição de coroas de flores junto ao busto do Herói Milhões, como forma de homenagear todos os soldados mortos na Guerra Mundial.

Após este ato solene, foi proferida uma palestra alusiva à Grande Guerra, pelo Tenente-Coronel de Artilharia Marquês de Sousa, no Auditório Municipal.

Esteve ainda patente uma exposição sobre a participação de Portugal na Primeira Guerra Mundial no Centro de Cultura de Murça.

O bispo de Vila Real presidiu este domingo a uma missa de homenagem ao “Soldado Milhões”, “herói da Primeira Guerra Mundial”, na sua terra natal, assinalando os 100 anos do armistício.

“O nosso heroico soldado Milhões, glória de Valongo de Milhais e do Exército Português, na sequela de Jesus Cristo, nosso Salvador, nas horas de apuros e de dificuldade, não temeu enfrentar a morte, por amor à Pátria”, disse D. Amândio Tomás, na homilia da Missa.

“Expôs-se a sacrificar a vida, com enorme coragem, colocou o peito às balas e, depois do dever cumprido, voltando à sua terra, continuou o seu trabalho de agricultor, levando uma vida muito simples e colocando a existência ao serviço da família, sem esquecer os pobres e os humildes, repartindo com os necessitados, mais pobres do que ele, o pouco que tinha”, acrescentou o bispo de Vila Real.

Aníbal Augusto Milhais nasceu em Valongo de Milhais, no dia 9 de Julho de 1895, no Concelho de Murça, distrito de Vila Real, e foi enviado para Flandres, integrando o Corpo Expedicionário Português, que regressou da participação na Primeira Guerra Mundial com milhares de baixas.

Combatente na Batalha de La Lys, o Soldado Milhões foi condecorado com a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito ainda no campo de batalha por ter enfrentado apenas com a sua metralhadora Lewis as tropas alemãs, permitindo a retirada do pelotão português e de tropas inglesas.

“Alheio a jogos políticos que levaram Portugal para a guerra sangrenta e desnecessária, porque as guerras são todas estúpidas e revelam falta de entendimento e de diálogo, o Soldado Milhões cumpriu a sua missão, sacrificou-se, cumpriu o dever militar, expôs e deu a vida, serviu, abnegadamente, a sua pátria e protegeu os pobres da sua terra, não obstante a sua pobreza”, disse D. Amândio Tomás.

A Missa de homenagem ao Soldado Milhões foi celebrada na sua terra natal, onde, já octogenário, viria a falecer a dia 3 de Junho de 1970.

Casado com Teresa de Jesus, o Soldado Milhões teve nove filhos e muitos netos, sendo um deles o Padre José Aníbal Mendonça, atual Provincial da Congregação dos Padres Salesianos, presente na celebração de homenagem

“O casal vivia do trabalho do campo, sem conforto e sem proventos, não obstante o Estado Português lhe ter construído uma casa, que, infelizmente, já se encontra, em ruínas, mesmo aqui, em frente à Igreja da Paróquia de Valongo, e de lhe ter também atribuído uma mísera pensão, que não dava para grandes luxos”, lembrou o bispo de Vila Real.

Durante a homilia da Missa deste domingo, referiu ainda que a vida e obra do Soldado Milhões, prima “pela apreciação do valor da vida humana, dos pobres e explorados, na sociedade, e do valor e importância dos simples e incapacitados, na transformação do mundo”.

A Primeira Guerra Mundial terminou com a assinatura do armistício na localidade francesa de Compiègne no, a dia 11 de novembro de 1918, entrando em vigor oficialmente às 11h00 desse dia, a 11ª hora do 11º dia do 11º mês de 1918; o fim das hostilidades que levaram a Primeira Guerra Mundial aconteceu com a assinatura do Tratado de Versalhes, a 28 de junho de 1919, entrando em vigor em 10 de janeiro de 1920.

Um filme sobre a vida do soldado vai ser projetado dia 19 de novembro no Luxemburgo, no âmbito de um festival de cinema português no Grão-Ducado.


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