Um parecer do grupo de geotecnia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro aconselha a Junta de Freguesia de Rebordelo, Amarante, a fazer o reperfilamento do talude do cemitério local, que, desde Dezembro passado, ameaça desfazer-se monte abaixo.

O estudo, levado a cabo pelo Laboratório de Solos de Engenharias (LSE) da universidade transmontana aponta uma outra solução, que seria o clássico recurso às ancoragens em betão, mas, por ser \"seis ou sete vezes o custo da solução do aterro\", tudo aponta que a escolha da opção a cargo da Junta de Freguesia de Rebordelo recaia sobre o reperfilamento, embora a autarquia continue remetida ao silêncio sobre o assunto.

O Executivo municipal aconselhou, recentemente, a Junta de Freguesia a optar pela solução mais barata, para se avançar o mais rapidamente com a recuperação do talude que serve de suporte ao cemitério de Rebordelo.

A solução tida mais em conta, que poderá ser adoptada pela dona da obra (a Junta de Freguesia), implica, no entanto, que o grosso do investimento do arranjo urbanístico efectuado nas vésperas das últimas eleições autárquicas seja desperdiçado. \"Se é certo que se perde grande parte do investimento ali efectuado, vale a pena referir que a situação final será claramente mais estável do que a que existia previamente, ou seja, antes do desmonte do morro\", explicam os técnicos do LSE.

No estudo, a que o JN teve acesso, pode ler-se que \"o colapso e processo de instabilização que se verificou ficou claramente a dever-se à excessiva agressividade do talude final, por um lado; por outro, à perfuração introduzida no maciço por via da descompressão decorrente da escavação e ainda pela não existência de um processo controlado de drenagem do maciço\".

Na ocasião em que se deram os primeiros abatimentos do cemitério, o autarca de Amarante Armindo Abreu imputou a responsabilidade à Junta de Freguesia, por ter a tutela dos cemitérios, recordando, por outro lado, o facto de os autarcas da freguesia \"terem embarcado numa empreitada eleitoralista sem qualquer planeamento com o senhor Avelino Ferreira Torres\".

Trasladação por fazer

Contrariamente ao que foi decidido em reunião de Câmara de Dezembro, a imediata trasladação dos cadáveres para uma outra parte do cemitério, mais segura, \"ainda não foi feita\", disse, ao JN, fonte autárquica. A fonte explicou que \"as condições climatéricas acabaram por melhorar e o risco de derrocada e consequente mistura de ossadas não se verificou\". O caso foi remediado com uma intervenção provisória dos técnicos da Câmara e pela melhoria do tempo. No estudo da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, percebe-se facilmente o perigo em que se encontra o cemitério de Rebordelo. O talude assenta em xistos, \"muito fracturados\". Dito de outra forma, \"os taludes naturais encontram-se, em grande número de situações, muito perto da situação critica, pelo que qualquer perturbação externa pode dar lugar a mecanismos de colapso\". O estudo aponta como razões para o abatimento do cemitério \"um fluxo de água muito abundante no interior do maciço xistoso.



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