O presidente da Unidade Local de Saúde do Nordeste defendeu hoje uma diferenciação nos salários para especialidades médicas em falta no interior do país como medida para combater as carências clínicas em hospitais como os do distrito de Bragança.

António MarçÎa não quer chamar-lhe «subsídio de interioridade», mas entende que salários mais altos que os praticados nos hospitais do Litoral seriam um incentivo para a fixação de médicos nas especialidades onde se verificam maiores dificuldades.

Outra medida defendida pelo administrador é a obrigatoriedade de os novos especialistas integrarem os quadros dos hospitais onde lhes é garantida a formação, o chamado internato.

A Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste, responsável pelos hospitais de Bragança, Macedo de Cavaleiros e Mirandela, abriu nos últimos meses dois concursos com vagas para várias especialidades.

No primeiro foram preenchidas seis das 39 vagas e o segundo está ainda a decorrer com 13.

Uma das vagas do primeiro concurso destinava-se a radiologia, mas não teve candidatos.

A ULS do Nordeste pagou, em 2012, sete mil euros mensais a uma especialista em regime de prestação de serviços, um caso noticiado na imprensa regional pelo custo e por a profissional ser filha do deputado do PSD por Bragança, na Assembleia da República, Adão Silva.

O presidente do Conselho de Administração da ULS reconhece que nestas condições \"a remuneração é bastante superior e isso só poderá ser evitado com a colocação no mercado de trabalho de mais médicos nessas especialidades\".

A falta de profissionais desta especialidade foi um dos entraves à pretensão de internalizar a imagiologia, passando a realizar todos os exames (radiografias, ecografias) do Serviço Nacional de Saúde nos hospitais públicos.

A medida foi adotada nas análises clínicas, com mais de metade dos exames agora a serem realizados no serviço público depois de, no início de 2012, retirar aos laboratórios privados serviços convencionados nas três cidades onde existem hospitais.

A administração assegurou que vai manter e celebrar novos acordos com privados sempre que não tenha capacidade interna de resposta e esteja em causa a proximidade de serviços com os utentes, devido à dispersão geográfica da população da região.

A ULS procedeu à reorganização da fisioterapia que deixará de funcionar, a partir de quinta-feira, na Quinta da Trajinha e passa a estar integrado no edifício do hospital de Bragança.

O administrador adiantou que \"no prazo de três meses\" será instalado no hospital de Mirandela um serviço idêntico.

Com o aproveitamento dos recursos existentes, António MarçÎa adiantou que estão a ser respostas as valências suspensas nos centros de saúde como fisioterapia, podologia, estomatologia, terapia de fala, entre outras.

O administrador disse que \"é possível atender os mesmos doentes, mas em vez de um técnico em cada centro de saúde, um profissional faz, por exemplo, em rotação dois ou três\" unidades.



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