Um psicólogo e uma assistente social que assistiram aos encontros entre Iara, menina de Vila Real que está no centro de uma luta pela sua custódia, e a mãe biológica recomendaram ao tribunal que não prossiga com eles, dado que a criança de oito anos rejeita liminarmente as visitas de Brigite Elavai. Segundo os técnicos, os momentos de contacto entre ambas foram confrangedores, já que a menor tem sistematicamente rejeitado a presença da mãe biológica.
No seguimento do processo que envolve a família Carquejo e Brigite Elavai, em que esta pede a guarda de Iara, o tribunal decidiu por sugestão de psicólogos da Universidade do Minho e Universidade Católica do Porto, estabelecer uma série de encontros entre Iara e a mãe biológica. As visitas decorreram em finais de 2009, nas instalações da Santa Casa da Misericórdia de Vila Real, e neles estiveram presentes Américo e Graça Carquejo assim como um psicólogo e uma assistente do Instituto de Segurança Social.
Ao que o DN apurou, esses encontros não terão decorrido da melhor maneira. A criança não terá demonstrado grande afectividade para com a mãe, tendo mesmo recusado um presente de aniversário, o que terá levado a mãe a manifestar a vontade de que visitas se verificassem junto da família de acolhimento sem dias e horas marcados, para que houvesse espontaneidade e uma aproximação mais flexível.
Após o terceiro encontro e a pedido do Ministério Público, o juiz encarregado do processo terá proibido a participação de Américo Carquejo. Nos dois seguintes, Iara ter-se-á recusado a sair da viatura em que foi transportada, apesar dos apelos de Graça Carquejo e dos elementos da Segurança Social.
Depois de três meses de contactos de reaproximação entre mãe e filha, os técnicos da Segurança Social terão concluído que o processo não estava a resultar. O DN tentou junto de Brigite Elavai confirmar as informações. Esta, no entanto, recusou-se a falar sobre o caso. Américo e Celeste Carquejo remeteram para o seu advogado, que não foi possível contactar até à hora do fecho da edição.
Fonte do estabelecimento de ensino que Iara frequenta em Vila Real adiantou que a menor se mostrou sempre nervosa antes dos encontros, afirmando muitas vezes que não queria ir. Após os mesmos, a criança apresentava-se psicologicamente abatida, reflectindo esse estado nos estudos.
Apesar de os técnicos da Segurança Social recomendarem que os encontros entre mãe e filha deveriam ser revistos, o Tribunal de Vila Real vai manter as visitas. Para tal, já foi mesmo elaborado um calendário de cinco visitas nos mesmos moldes e local, que se realizarão até 23 de Março.
Fonte judicial, em declarações ao DN, classificou este processo como \"uma guerra entre adultos com uma criança pelo meio\".