Investigadores da Universidade do Porto (UP) estão a colocar a descoberto um povoado na aldeia de Picote, no concelho transmontano de Miranda do Douro, que se pensa ser datado do início da Idade do Ferro.
«As escavações estão a pÎr a descoberto uma estrutura da Idade do Ferro, situada num dos locais onde decorrem as prospeções arqueológicas, enquanto noutro ponto se põem à vista construções que se pensa pertencerem ao período da ocupação romana», disse à Lusa Rui Centeno, investigador da UP.
Os trabalhos de prospeção pretendem dar continuidade a escavações que foram efetuadas na década de 50 do século passado, em Picote e que deixaram vestígios de que o local remonta à proto-história, prolongando-se a sua ocupação pelo período de influência romana, até à Idade Média.
«Nesta campanha há também a intenção de fazer a localização das escavações feitas em 1952 por Santos Júnior, que foi igualmente investigador da UP, mas as indicações disponíveis e deixadas por algumas pessoas que participaram nessas escavações, ainda não permitem este ano localizar com rigor o sítio exato», frisou o investigador.
«Apenas temos algumas fotos de fraca qualidade e a planta do local onde foram efetuadas as primeiras escavações também não permite detetar o sítio arqueológico inicial», acrescentou Rui Centeno.
Ainda assim, a equipa da UP composta por investigadores e alunos de mestrado, está confiante de que, no próximo ano, o local arqueológico escavado por Santos Júnior, será localizado e colocado a descoberto bem como o seu importante legado pré-histórico e histórico.
Responsáveis pela Associação Para o Desenvolvimento Integrado de Picote (Frauga), uma das entidades que colabora nas prospeções arqueológicas, declaram-se, entretanto, convencidos de que a criação de um campo arqueológico nas imediações da povoação pode potenciar o desenvolvimento económico da aldeia transmontana.
«Trata-se de um projeto de investigação de médio a longo prazo e estamos no início de um primeira campanha. Os resultados que já estão à vista são bastante promissores e temos que perspetivar como poderemos encaminhar todo o processo de escavações no futuro», avançou Jorge Lourenço, presidente da Fragua.
Os responsáveis pela campanha de escavações arqueológicas já avançaram que é necessário encontrar «um novo parceiro», para além da Rede Elétrica Nacional, que financia as escavações com 70 mil euros.
«Em função dos resultados que vamos obtendo, vamos ter de ajustar todo o processo à realidade e ver se encontramos outros parceiros para poder dar continuidade a este projeto de investigação», destacou o dirigente associativo.
Como o resultado das escavações está ser promissor, também está igualmente a ser equacionado o seu tempo de duração.
Todo o espólio resultante das escavações ficará à guarda do ecomuseu «Terra Mater», uma unidade museológica única na região do planalto mirandês, que nos últimos três anos já acolheu mais de nove mil visitantes.
Este ecomuseu tem como objeto o homem e o seu meio, propondo aos visitantes a interpretação global deste território e do seu património, envolvendo também múltiplas atividades de dinamização e valorização das muitas práticas tradicionais que continuam vivas na região.
Os trabalhos de investigação e prospeção arqueológica estão previstos durarem até 2015, não estando descartada a ideia do seu «prolongamento».