Utentes estão a ter teleconsultas na Junta de Freguesia da Cumieira, Santa Marta de Penaguião, no âmbito do SNS24 Balcão que evita deslocações e aglomerados nos centros de saúde e está disponível em 31 autarquias do Norte.
“Foi muito fácil. Foram cinco minutos para por os dados pessoais e, depois, o médico de família está ali, não houve qualquer problema em termos de som, de imagem, conseguiu ouvir-me perfeitamente e ver-me e consegui resolver o que precisava”, afirmou Daniela Mourão, de 22 anos.
Na sua primeira teleconsulta, Daniela contou com a ajuda do presidente da Junta da Cumieira, localidade do distrito de Vila Real.
No edifício foi construída uma pequena sala onde foi colocado o equipamento, computador, ecrã e colunas, e ali os utentes ficam com privacidade para conversarem com o médico, neste caso, do Centro de Saúde de Santa Marta de Penaguião.
“Nada substitui a medicina presencial, mas para muitas questões, por exemplo, receitas e exames médicos, é uma forma de resolver o problema”, sublinhou a jovem, que destacou ainda a rapidez com que conseguiu agendar a consulta.
O médico Baptista da Fonseca disse que “vai haver sempre necessidade da consulta presencial”, no entanto, referiu que há determinado tipo de procedimentos que não precisam da presença do utente no consultório e podem ser feitas através de videoconferência, como por exemplo algumas lesões ou situações burocráticas.
Salientou ainda que o facto de os médicos de família conhecerem os utentes facilita a realização destas consultas.
O SNS24 Balcão funciona há um mês na Cumieira e aqui é possível marcar consultas, renovar receitas de medicamentos, consultar resultados de exames, aceder aos guias de tratamento ou realizar uma teleconsulta com o médico de família.
No Interior do país marcado pelo envelhecimento da população e onde há ainda sítios com falhas no acesso à Internet, as juntas fazem a ponte com os utentes, principalmente os mais idosos.
“É por isso que temos esta parceria do SNS24 Balcão para dar apoio a uma franja da população que, por um lado, não dispõe deste tipo de dispositivos eletrónicos para fazer a consulta e que, por outro lado, pode tê-los, mas não os conseguir dominar”, salientou Marisa Borges, vogal do conselho clínico do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Douro Norte.
O presidente da Junta da Cumieira, Fernando Gonçalves, apontou como “grande vantagem” o facto de, nesta altura de covid-19 e confinamento, as “pessoas não terem de se deslocar à sede do concelho para uma consulta”.
Considerou ainda que, na autarquia, se sentem “um pouco mais à vontade porque não há tanta aglomeração de pessoas, não há filas de espera” e frisou que o “contacto é mais rápido com a junta”.
A localidade, que perdeu a extensão de saúde há 12 anos, é atravessada pela Estrada Nacional 2 (EN2), numa zona sinuosa e a meio do caminho entre a sede do concelho e a cidade de Vila Real.
“Os utentes estão a aderir. Para os mais idosos, os que mais tinham de recorrer a táxis ou autocarros, aqui é muito mais fácil virem”, salientou Fernando Gonçalves.
Maria da Conceição, 80 anos, estava receosa com a teleconsulta e, por isso, fez-se acompanhar pela filha Áurea Silva, que aproveitou um intervalo no trabalho para ir à junta.
“Já não precisámos de ir a Santa Marta. Tinha que pedir à minha filha para me levar. Correu bem, é muito simpático o médico e fiquei bem agradada”, referiu.
Maria da Conceição queixava-se de uma perna e a consulta serviu para marcar exames. “Se for preciso, mais depressa aqui venho”, salientou.
Marisa Borges referiu que a teleconsulta beneficia o utente, "independentemente de se estar em pandemia ou não” e apontou como vantagem “o evitar idas desnecessárias às unidades de saúde”.
Na sua opinião, “o vídeo traz uma mais valia muito significativa na relação do médico com o utente”, lembrando que a consulta por telefone já existia.
“As unidades estão preparadas não para responder a uma contingência do momento, mas sim para ser algo que vai ficar (…) Vamos avançar agora com as consultas de psicologia e de nutrição”, salientou.
Segundo dados fornecidos à agência Lusa pelo Ministério da Saúde, as primeiras oito unidades do SNS24 Balcão foram inauguradas em dezembro, seguindo-se a abertura de mais 23 já em 2021.
Ou seja, neste momento, há um total de 31 balcões do SNS24 a funcionar em 31 juntas de freguesia de oito municípios, designadamente de Vila Verde, Guimarães, Alijó, Mesão Frio, Santa Marta de Penaguião, Murça, Sabrosa e Fafe, inseridos na área da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte.
Ao longo do ano, segundo o ministério, prevê-se a “abertura de mais unidades em diferentes locais do país”.
O SNS24 Balcão resulta da criação de uma rede de parcerias, entre municípios, juntas de freguesia, ACES e ARS.