A Associação de Desenvolvimento das Terras de Jou - Jaudo, em Murça, quer incentivar os agricultores a apostarem nas ervas aromáticas ou cogumelos silvestres como actividades paralelas às tradicionais desta região, disse hoje fonte do organismo.

A Jaudo, criada em 2004, conta com 50 sócios e é liderada por Ana Roque, uma jovem de 27 anos que, depois de viver 21 anos em Lisboa, regressou à sua Terra Natal.

A presidente disse à Lusa que a associação quer abranger as freguesias entre os concelhos de Murça e Valpaços, já em plena zona de Terra Fria, onde as produções mais características são o souto, olival, amendoal e a batata.

Mas, com vista ao desenvolvimento económico destas famílias de agricultores, a responsável defendeu que é possível o aproveitamento e conservação de recursos silvestres, neste caso de recursos micológicos, em área de souto e floresta.

Isto, segundo Ana Roque, seguindo «uma lógica de optimização das explorações».

«Os cogumelos ou as ervas aromáticas podem funcionar como complemento às produções mais tradicionais, como o azeite ou o vinho, considerados como ex-libris desta região, e com possibilidade de criarem algumas sinergias sectoriais de desenvolvimento rural, nomeadamente com o turismo ou gastronomia», salientou.

Em Fevereiro, a associação assinou um convénio de colaboração transnacional com duas instituições espanholas, a Páramo Orbigo Esla Desarrollo Asociado (POEDA), e a Asociación para el Desarrollo Económico y Rural Integral de Sayago (ADERISA).

A câmara de Murça juntou-se à iniciativa, firmando o mesmo convénio, em matéria de colaboração para o desenvolvimento de um plano de cooperação transnacional de desenvolvimento rural, sobretudo na área da micologia.

«Nesta zona são muitas as pessoas que percorrem as matas e florestas a apanhar os cogumelos que depois vendem directamente e, na maior parte dos casos, aos espanhóis», frisou Ana Roque.
Só que, segundo frisou, as mais valias não ficam na região e, por isso mesmo, diz que é necessário criar uma unidade de transformação.

Com os espanhóis, a responsável diz que se procura «uma troca de experiências» e o desenvolvimento de actividades nas áreas da micologia ou micogastronomia, turismo ou até na possível criação de rotas ibéricas ligadas a este sector de actividade.

Quanto às ervas aromáticas, a responsável diz que se trata de «aproveitar e rentabilizar» os recursos que já existem neste território.

«Nos seus amendoais ou olivais, muitos produtores já possuem cidreira ou alecrim, ervas que podem ser apanhadas para a venda», sublinhou.

Ana Roque referiu ainda que a associação apresentou uma candidatura ao Programa Operacional Potencial Humano, no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) com vista à realização de acções de formação profissional nas áreas das plantas aromáticas e medicinais e na área da micologia.

A Jaudo está ainda a ultimar os preparativos para a implementação do seguro colectivo de colheitas de Jou.

Isto porque, em Maio de 2007, a queda de granizo «arruinou» as produções agrícolas na freguesia de Jou, «inviabilizando não só a colheita mas o recobro de algumas espécies vegetais».



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