A Comunidade Intermunicipal (CIM) Terras de Trás-os-Montes anunciou hoje que vai reivindicar junto do Governo que o novo corredor ferroviário internacional do Norte passe pelo território com ligação a Espanha.
O Plano Ferroviário Nacional proposto pelo Governo encontra-se em discussão pública até ao final de fevereiro e a CIM transmontana adiantou hoje que irá apresentar a alternativa que reivindica, sustentando-a como “a melhor do ponto de vista de impactos ambientais e tecnicamente”.
A CIM Terras de Trás-os-Montes contesta a proposta do Governo que contempla uma nova ligação ferroviária entre o Porto e Bragança e reivindica que esta assuma o perfil de alta velocidade com ligação a Espanha e que passe a ser o corredor ferroviário internacional do Norte que o plano prevê para Aveiro, Viseu, Salamanca (Espanha)
“O que nós achamos é que é absolutamente essencial fazer-se esta ligação, que Bragança não seja o fim de linha , mas que sendo nós o território em Portugal mais próximo do centro da Europa , então que essa centralidade seja concretizada com uma ligação Bragança/Zamora e daí a toda a Europa”, argumentou o presidente da CIM, Jorge Fidalgo.
A comunidade intermunicipal apresentou publicamente esta posição numa conferência de imprensa conjunta com a Associação Vale d`Douro, autora de um estudo sobre um novo corredor ferroviário para o Norte de Portugal, entre Porto, Amarante, Vila Real, Mirandela, Macedo de Cavaleiros e Bragança.
Tanto a CIM como a Associação defendem que este deve ser o futuro corredor internacional do Norte, com continuidade de Bragança para Espanha por Terras de Miranda, que permitiria viajar entre o Porto e Madrid em 02:45 horas.
A reivindicação é sustentada com menos impactos ambientais que outras soluções a Norte, nomeadamente a ligação de Bragança a Puebla de Sanábria, onde existe uma estação da alta velocidade espanhola, mas que necessitaria de atravessar áreas protegidas como o Parque Natural de Montesinho, em Portugal, e o da Culebra, em Espanha.
A solução proposta, segundo os autores, é também menos dispendiosa do lado espanhol, onde seriam necessários 40 quilómetros de ferrovia, enquanto o corredor escolhido pelo Governo implica investimento em 200 quilómetros.
O custo estimado pela Associação Vale d'Douro para esta alternativa de corredor ferroviário internacional do Norte é de 4,4 mil milhões de euros, valor idêntico à solução por Aveiro até Salamanca, que consta na proposta do Governo, segundo o presidente da Associação, Luís Almeida.
“A ferrovia é uma necessidade absoluta para todo o país, mas sobretudo para o nosso território. Nós não temos na CIM um metro de ferrovia, a autoestrada foi a última a chegar e nem sequer estão feitas as conexões rodoviárias das sedes para a sede de distrito, isto significa que nós não podemos ficar arredados e à margem deste futuro que é a ferrovia”, insistiu o presidente da CIM.
Jorge Fidalgo avançou que a comunidade intermunicipal vai apresentar esta proposta no período de consulta pública do plano, que está a decorrer, e espera que o Conselho Regional do Norte, que vai reunir no dia 20 em Mogadouro, “possa também tomar uma posição na defesa desta ligação”.
Não tendo este território linha férrea, a execução do Plano Ferroviário Nacional “devia começar” por aqui, como defendem os autarcas dos nove concelhos da CIM, concretamente Alfândega da Fé, Bragança, Mirandela, Vila Flor, Mogadouro, Vinhais, Vimioso, Macedo de Cavaleiros e Miranda do Douro.
Os autarcas esperam que o Governo seja sensível a esta reivindicação que consideram ser “de justiça elementar”.
“Porque ao longo dos tempos fomos sempre os últimos e o desenvolvimento chegou sempre mais tarde”, enfatizou Jorge Fidalgo.