Setenta e seis municípios, com baixa densidade populacional, acolheram poucos espetáculos entre 2019 e 2021, com as autarquias a gastarem menos de um milhão de euros com cultura e nenhuma entidade a ter apoio da DGArtes, segundo estudo hoje divulgado.

O Atlas Artístico e Cultural de Portugal, realizado no âmbito de um acordo entre a Direção-Geral das Artes (DGArtes) e o ISCTE, através do Observatório Português das Atividades Culturais (OPAC), identifica 76 municípios portugueses como “territórios de menor densidade de atividade artística profissional”.

“Tendo em conta o contexto de recuperação da crise da pandemia covid-19 (2020-21), considera-se tais territórios como deficitários quanto à atribuição de apoios financeiros às entidades artísticas profissionais pela DGArtes e com condições suscetíveis de condicionar negativamente o desenvolvimento das entidades, das atividades e das procuras artísticas”, lê-se no estudo, ao qual a agência Lusa teve acesso e que é hoje apresentado numa sessão pública na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa.

A maioria dos 76 municípios está concentrada no Interior Norte do país, sobretudo nos distritos de Vila Real, Bragança, Guarda e Viseu.

Cada um dos “territórios de menor densidade de atividade artística profissional”, que acumula quatro critérios definidos, representa 24,7% do total de municípios portugueses (308) e abrange, segundo o Censo 2021, 542 mil residentes.

Nos 76 municípios identificados não houve entidades apoiadas pela DGArtes entre 2017 e 2022, registou-se “muito baixa média (igual ou menos de 12)” de sessões de espetáculos entre 2019 e 2021, “baixa ou muito baixa média (menos de um milhão de euros)” da despesa total do município com atividades culturais, também entre 2019 e 2021, e uma baixa densidade populacional.

O Atlas Artístico e Cultural de Portugal resulta de uma decisão governamental tomada em junho de 2020, quando o Ministério da Cultura era tutelado por Graça Fonseca.



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