A advogada de um grupo de trabalhadoras da empresa Sousacamp expressou hoje a preocupação das clientes relativamente ao futuro, depois da rejeição do plano de recuperação da maior produtora portuguesa de cogumelos.

Sandra Fernandes faz parte da sociedade de advogados que representa 25 funcionárias da empresa-mãe, em Benlhevai, Vila Flor, no distrito de Bragança, e afirmou à Lusa que “há uma preocupação muito grande por parte das trabalhadoras”.

“Não queremos acreditar que possa vir a acontecer o fecho da empresa. Estamos convictos de que há outros interessados, mas são processos que demoram algum tempo e o tempo é muito importante”, afirmou à Lusa.

As trabalhadoras temem que a imagem da empresa fique fragilizada e que haja quebra de confiança do mercado, prejudicando o futuro da produção.

O processo de insolvência da Sousacamp decorre há um ano e meio no tribunal, desencadeado por dívidas que ascendem a 60 milhões de euros, sendo o maior credor o Novo Banco.

O administrador judicial, Bruno Costa Pereira, confirmou hoje à Lusa que os credores reprovaram a proposta de aquisição por falta de garantias financeiras dos dois empresários estrangeiros, um espanhol e outro belga.

O administrador judicial explicou que a empresa de cogumelos que tem 90% do mercado português segue agora para liquidação, mas vai continuar a laborar normalmente e até ao final do ano espera ter a solução definitiva entre “um conjunto de ‘players’ (operadores)” nacionais e estrangeiros que já manifestou interesse no grupo.

Bruno Costa Pereira reiterou que a via da liquidação “não significa fechar a empresa” e garantiu que “já estão identificados um conjunto de investidores que têm manifestado interesse” e com os quais vai iniciar imediatamente contactos.

O administrador judicial definiu como meta o final do ano para apresentar uma proposta que pode passar pela venda do estabelecimento ou pedir nova assembleia de credores para votar novo plano de recuperação proposta por novos interessados no grupo.

A proposta agora reprovada foi apresentada à assembleia de credores pela atual acionista e fundador da Sousacamp e surgiu de um empresário belga, Rudi François J. Joris, e outro espanhol, Ignacio Felipe Mittelbrunn Fuentes, que constituíram uma sociedade em Portugal - “Rudi & Mittelbrunn, Lda” - para o efeito.

A nova sociedade propunha-se realizar uma injeção de capital de 25 milhões de euros e pagar a dívida com perdão até 65% por parte dos credores ou diluída em 10 anos, mas não apresentou as garantias de financiamento por parte da banca.

Os credores não aceitaram a proposta e nos próximos meses o administrador judicial vai negociar uma alternativa, convicto de que “pode ser um processo ágil”.

O Grupo Sousacamp nasceu da iniciativa empresarial de dois irmãos na aldeia de Benlhevai, em Vila Flor, há cerca de 30 anos. Apenas um dos irmãos acabou por ficar com o negócio que expandiu, além da empresa-mãe, a Paredes, Vila Real e Espanha.

Tornou-se num dos maiores produtores de cogumelos ibéricos com mais de metade da produção a ser exportada para Espanha, França e Holanda, além de conquistar 90% do mercado português.

Apesar da situação de insolvência, as empresas continuas a laborar e a assegurar rendimento suficiente para manter em dia os impostos e os salários dos cerca de 500 trabalhadores.

Foto: António Pereira



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