A Comissão de Trabalhadores da Infraestruturas de Portugal (IP) classificou hoje como um "mau ato de gestão" a venda do edifício da empresa em Vila Real, em 2015, que obriga à transferência dos serviços para instalações arrendadas.

Os representantes da Comissão de Trabalhadores reuniram hoje com o presidente da Câmara de Vila Real, o socialista Rui Santos, para demonstrarem as preocupações que afetam os cerca de 30 funcionários da IP que trabalham nesta cidade.

No final do encontro, o porta-voz, Fernando Semblano, disse que os trabalhadores foram confrontados com a decisão da administração da empresa de mudar os serviços para dois andares de um edifício arrendado.

Uma mudança que deve acontecer até maio e a que a IP está obrigada, depois de ter vendido o edifício de que era proprietária em 2015.

O antigo parque de máquinas e o edifício da sede dos serviços da Gestão Regional Norte das Estradas de Portugal, localizados em Vila Real, foram leiloados e arrematados por 2,65 milhões de euros por uma empresa de móveis.

Na altura, a IP anunciou que planeava a transferência para a antiga estação de comboios, no entanto, os serviços mantiveram-se no mesmo edifício por uma renda mensal de 5.000 euros.

"Desde o princípio entendemos que este negócio foi um mau ato de gestão (...) Acabamos por chegar à conclusão de que realmente o barato saiu caro e ninguém ficou servido neste negócio", afirmou Fernando Semblano.

Segundo o responsável, a IP decidiu arrendar instalações num edifício que pertence a uma empresa de projetos de engenharia, um negócio que considerou ser "um conflito de interesses", porque a empresa em causa tem feito vários trabalhados para a Infraestruturas de Portugal.

Além do mais, acrescentou, o espaço não "possui condições nem para os trabalhadores nem para o atendimento ao público".

A comissão disse ainda ter a indicação de que a IP irá pagar uma renda mensal de 3.000 euros pelo novo espaço, onde terá ainda que realizar obras de adaptação.

"Vila Real merece melhor, o Norte merece melhor e tratar esta situação conforme se tratou é inaceitável", frisou Fernando Semblano.

Contactada pela agência Lusa, a IP informou que os colaboradores em Vila Real "vão ser transferidos, muito em breve, para novas instalações situadas no centro da cidade".

E quanto à estação, disse que se "concluiu que o custo do investimento necessário para a infraestruturação do espaço para a instalação de todas as equipas da IP seria demasiado elevado".

Os trabalhadores falaram ainda com o autarca sobre o Túnel do Marão e o relatório feito após o incêndio num autocarro, que aconteceu em junho de 2017, e afirmaram acreditar que a IP vai cumprir com o determinado no despacho do Governo, anunciado após as conclusões do relatório.

No entanto, relativamente a uma das principais reivindicações feitas pelo presidente da câmara, nomeadamente a reabertura do cento de controlo de tráfego no Marão, Fernando Semblano considerou que o facto de este serviço estar centralizado em Almada "não põe em causa a segurança do túnel".

Recentemente, Rui Santos afirmou ter a garantia do Governo de que o centro vai reabrir no Túnel do Marão até ao dia 31 de março.

Hoje, após a reunião, o autarca disse apenas estar solidário com as preocupações dos trabalhadores relativamente às instalações, não se querendo pronunciar, para já, sobre o processo Túnel do Marão.

A IP também não se pronunciou sobre o centro de controlo de tráfego.



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