As vítimas, de idades compreendidas entre os 30 e os 58 anos, foram identificadas como José B. Moura, Manuel D. Sousa e António D. Leandres.
Dois outros ocupantes do barco, John Chaves e Laurindo M. Dutra, sobreviveram ao naufrágio.
As causas do acidente estão a ser investigadas, mas, segundo um porta-voz da Guarda Costeira, o mau estado do mar, com ondas entre 1,5 e 2 metros e ventos a soprar a uma velocidade de 30-50 quilómetros terão contribuído para o afundamento da embarcação.
John Chaves, que sobreviveu ao naufrágio ao ser retirado das águas por um outro barco que acorreu ao local, disse ao investigador da Guarda Costeira que a embarcação em que os cinco homens seguiam — um barco de fibra de vidro de 8 metros de comprimento — começou a meter água e afundou-se rapidamente.
“Recorremos ao uso de baldes para tentar retirar a água do interior do barco, mas não tivemos tempo. Foi tudo muito rápido e em cerca de um minuto a embarcação afundou-se”, disse John Chaves.
“Quando o barco se afundou, lançámo-nos à água, mas eu nunca mais vi os meus companheiros devido à forte ondulação”, adiantou John Chaves, que disse ter estado cerca de uma hora sobre as ondas agarrado a um salva-vidas antes de ser salvo por um outro barco.
O acidente ocorreu por volta das 9:00 horas e as autoridades foram notificadas pela mulher do tripulante de uma outra embarcação que lhe telefonara a dizer que havia salvo um dos náufragos. Outros dois náufragos foram também recolhidos por barcos que navegavam no local, mas um deles viria a falecer, aparentemente vítima de ataque cardíaco.
Um helicóptero e dois barcos de salvamento da Guarda Costeira foram enviados para o local para, conjuntamente com várias embarcações civis, participarem nas operações de busca dos dois homens desaparecidos, que foram encontrados, inanimados, por volta das 11:15.
O pequeno barco de fibra de vidro, com motor de 200 cavalos fora de borda, deixou a marina de Wareham cerca das 5:30 da manhã e navegou seis milhas pela Buzzards Bay, lançando âncora para que os cinco homens pudessem pescar.
Mas a pescaria não estava a resultar devido à ondulação e o grupo decidiu mudar de local, uma milha ao largo do chamado Scraggy Neck e foi quando a embarcação começou a meter água. O primeiro alerta foi dado às 9:12 por outro barco que se encontrava na área e cerca de 20 embarcações que pescavam na zona responderam ao pedido de socorro, bem como as embarcações dos mestres dos portos de Wareham e Marion. A Guarda Costeira apareceu cerca de 15 minutos depois.
Pormenor que terá contribuido para a tragédia, nenhum dos cinco homens usava colete salva-vidas, segundo a Guarda Costeira. “A falta de coletes salva-vidas é a principal causa de morte em acidentes com barcos de recreio”, disse Jaimie Browne, porta-voz da Guarda Costeira, em Boston.
“É obrigatória a existência de coletes a bordo, mas não o uso. Se porventura todos tivessem colete talvez ninguém tivesse morrido.”
Segundo as estatísticas da Guarda Costeira, afundaram-se em 2000 no litoral dos Estados Unidos 519 barcos de recreio, tendo morrido 701 pessoas e oito em cada dez vítimas não usavam colete salva-vidas.
Em Massachusetts, ainda segundo a Guarda Costeira, o afundamento de embarções
de recreio provocou 91 mortes nos últimos 10 anos e 72 vítimas não usavam salva-vidas. John Chaves esteve na água cerca de uma hora e manteve-se agarrado a um pequeno salva-vidas até ser recolhido pela embarcação do mestre
do porto de Marion. O outro sobrevivente, Laurindo M. Dutra, foi recolhido pelo Robin’s Rival, barco lagosteiro de Karl Drake, de Marion, que recolheu ainda um corpo já sem vida. Dutra manteve-se a flutuar graças a uma lancheira de plástico.
“O homem deve ter estado na água 45 minutos, estava cheio de frio e dei-lhe um par de camisas secas para se agasalhar”, disse Drake ao “Boston Herald”.
“Ele não falava inglês muito bem, estava muito nervoso e não percebi tudo o que dizia, mas agradeceu ter-lhe salvo a vida e disse-me que que tinha mulher e uma filha pquenina”.
Drake usou o telemóvel para telefonar à mulher, que por sua vez avisou a polícia. Dutra e Chaves foram levados para a doca de Converse Point, em Marion e depois conduzidos ao Tobey Hospital, em Wareham, para tratamento. Às 9:50, um barco do corpo de engenharia do Exército que participava nas buscas recolheu António Loura Leandres, 52 anos, ainda com sinais de vida, mas inconsciente por ter aparentemente sofrido um ataque cardíaco; foi levado no helicóptero da Guarda Costeira para o Falmouth Hospital, mas chegou ali já sem vida. A terceira vítima mortal foi recolhida eram 10:20 da manhã pelo barco do mestre do porto de Wareham.
Eram todos naturais de Santa Maria
Os dois sobreviventes, bem como as três vítimas mortais, Manuel Luz Sousa, António Loura Leandres e José Bairos Moura, eram naturais da ilha açoriana de Santa Maria, residiam em Taunton, onde têm lugar os funerais hoje e amanhã.
José Bairos Moura Residente na Somerset Avenue, em Taunton, José Bairos Moura contava 50 anos, nascera em Santa Maria e era filho de António Moura, já falecido e de Maria Bairos Moura. Casado com Fátima Rego Moura, deixa, além da viúva, um filho, António M. Moura e uma filha, Rosemary Moura.
Sobrevivem-lhe ainda um irmão em Taunton, João Bairos Moura e dois irmãos e uma irmã em Santa Maria, Manuel Bairos Moura, José Luis Moura e Maria Moura Rego. José Bairos Moura trabalhava na Wollaston Alloys, de Braintree, desde que viera para os Estados Unidos há 28 anos.
O funeral sai hoje, 29 de Maio, às 8:00 da manhã, da Silva Funeral Home, 80 Broadway, Taunton, para a igreja de Santo António, onde será celebrada missa de corpo presente às 9:00, seguindo depois para o cemitério de São José.
Manuel Luz Sousa Manuel Luz Sousa residia na Somerset Avenue, em Taunton e nascera há 58 anos na ilha de Santa Maria, Açores. Era filho de José Sousa, já falecido e de Virginia Luz Sousa.
Casado com Maria H. Mello Sousa, deixa, além da viúva, um filho, Michael J. Sousa, em Taunton, uma filha, Dina M. Pichette, em Tiverton e cinco netos.
Sobrevivem-lhe ainda três irmãs, Maria Luz Figueiredo e Helen Luz Reis, em Santa Maria e Belmira Sousa, em Hudson.
Veterano das campanhas do Exército português em Angola, Manuel Luz Sousa fixou-se em 1968 em Taunton, trabalhava na Bab’s Foundry, em Norton, era membro da paróquia Annunciation of the Lord.
O funeral sai hoje, 29 de Maio, às 10:00 da manhã, da Silva Funeral Home, 80 Broadway, para a a paróquia Annunciation of the Lord, onde será celebrada missa às 11:00 da manhã, seguindo depois para o cemitério de S. José.
António Loura Leandres Nascido há 52 anos em Santa Maria, António Loura Leandres era filho de José S. Leandres e Maria Loura Leandres, residente em Santa Maria.
Além dos pais, deixa um filho, Paul J. Leandres, em Taunton; duas filhas, Nélia Medeiros, em Taunton e Sandra Paulo, em Stoughton, e dois netos.
Deixa ainda cinco irmãos, José Leandres e João Leandres, em Taunton; Ângelo Leandres, em Cambridge, Canadá e Manuel Leandres e Ernesto Sousa, em Santa Maria; e três irmãs, Helena Bairos, em Hudson; Maria Inês Puim, em Cambridge, Canadá e Natália Chaves, Santa Maria.
António Loura Leandres fixara-se há 10 anos em Taunton, onde residia na Broadway e trabalhava há oito anos na Belcher Corporation, em Easton.
O corpo estará hoje em câmara ardente, das 5:00 às 8:00 da noite, na Silva Funeral Home, 80 Broadway, saindo o funeral quinta-feira, 30 de Maio, às 8:00 da manhã, para a igreja de Santo António, onde será celebrada missa de corpo presente às 9:00, seguindo depois o funeral para o cemitério de S. José.