Menos de um ano após o encerramento das principais casas de alterne de Bragança, as autoridades detectaram novos estabelecimentos do género na cidade, onde identificaram 13 brasileiras em situação ilegal, revelou ontem uma fonte policial citada pela Agência Lusa.
O fenómeno deste tipo de casas está, entretanto, a suscitar a indignação da população de Salto, em Montalegre, no distrito de Vila Real, onde 300 moradores de Salto enviaram ontem um abaixo-assinado às autoridades policiais e governamentais pedindo o encerramento do bar de alterne \"Manos\" e ameaçando \"tomar medidas duras, caso nada aconteça\".
Segundo a agência Lusa, no primeiro caso, em Bragança, as mulheres identificadas pela Polícia encontravam-se a trabalhar em duas casas de diversão nocturna, alvo de uma operação de fiscalização conjunta do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e da PSP de Bragança, na madrugada de 13 para 14 de Janeiro.
Numa das casas foram identificadas nove mulheres em situação ilegal ou irregular, enquanto no segundo estabelecimento seis. De acordo com a fonte, 13 das 15 mulheres são brasileiras e as outras duas portuguesas.
Enquanto as cidadãs nacionais foram apenas identificadas, a maior parte das brasileiras foram notificadas pelo SEF para abandonarem o país por se encontrarem em situação ilegal ou irregular.
Relativamente aos estabelecimentos, a fonte disse que são casas de diversão nocturna que abriram já depois da mega operação policial levada a cabo em conjunto pela PSP e Ministério Público na madrugada de 15 de Fevereiro de 2004, que resultou no encerramento das três principais casas de alterne da cidade e em processos judiciais.
O proprietário de uma das casas, a \"Top Model\", foi condenado, em 28 de Outubro, a sete anos de prisão, enquanto o proprietário do \"Nick Havanna\" tem julgamento marcado para o próximo dia 31, no âmbito de um processo com um total de seis arguidos.
Um terceiro empresário continua a monte, desde a noite da operação, e o processo, relativo à discoteca \"ML\" ou \"Montelomeu\", encontra-se ainda em fase de inquérito.
Embora esta operação seja atribuída ao impacto do denominado movimento \"Mães de Bragança\" e da repercussão do assunto na revista \"Time\", as autoridades garantem ter-se tratado do resultado de uma investigação que durava há dois anos.
Trezentos moradores de Salto (Montalegre) exigem encerramento de boite suspeita
No distrito de Vila Real, um grupo de 300 moradores de Salto, Montalegre, enviou ontem um abaixo-assinado às autoridades policiais e governamentais exigindo o encerramento do bar de alterne \"Manos\". E ameaçam mesmo \"tomar medidas duras, caso nada aconteça\".
O documento, a que a Agência Lusa teve acesso, refere que, desde há sete ou oito anos, que os moradores protestam contra o bar, devido à alegada presença no seu interior de prostitutas, o que - dizem - \"desagrada a população em geral e prejudica os jovens e as crianças\".
Protestam também pelo que consideram ser o barulho excessivo que o bar provoca, derivado dos muitos clientes que ali acorrem de noite, oriundos da região e mesmo de outras zonas circunvizinhas.
O abaixo-assinado foi enviado ao Presidente da República, ministro da Administração Interna, comandante-geral da GNR, Governo Civil de Vila Real e Câmara de Montalegre.
Os residentes dizem-se \"fartos\" de aguentar a existência de um bar que se dedica à prostituição e avisam que poderão avançar com \"medidas duras\" caso as autoridades não encerrem o \"Manos\".
Uma fonte do Serviço de Estrangeiros de Braga adiantou à Lusa que o referido bar foi alvo de uma rusga policial em Agosto de 2004 incluída numa operação que levou à detenção de 21 mulheres imigrantes ilegais.
As mulheres, de nacionalidade brasileira, foram detidas em rusgas efectuadas aos bares de alterne \"Manos\", em Salto, e \"Aquario Bar\", em Pisões.
Segundo a mesma fonte, durante a operação foram ainda detidas mais cinco pessoas - uma mulher brasileira e quatro homens portugueses - por suspeita da prática do crime de lenocínio (incentivo à prostituição) e auxílio à imigração ilegal.
Os detidos foram ouvidos no Tribunal de Montalegre, onde foram abertos inquéritos judiciais por suspeita da prática daqueles crimes.