Uma avaria no sistema informático manteve o Tribunal de Chaves praticamente parado desde a manhã da sexta-feira até ao início da tarde de ontem. Vários julgamentos foram adiados. O Ministério da Justiça diz que a culpa foi do operador: a PT.

Os funcionários do Tribunal de Chaves estiveram nos últimos dois dias e meio praticamente \"a olhar para o ar\". Uma avaria no sistema informático, detectada ao início da manhã de sexta-feira, e só corrigida às 15.45 horas de ontem, impediu a realização da maior parte do expediente diário e obrigou mesmo ao cancelamento de vários julgamentos, na medida em que o sistema de gravação digital das audiências também esteve inoperacional.

Em declarações ao JN, fonte do Ministério da Justiça (MJ) revelou que \"a avaria se deveu a um problema na central pública da PT (o operador do sistema) que foi objecto de uma ampliação durante a manhã de hoje [ontem]\". \"A intervenção decorreu na infra-estrutura interna da PT, à qual o Instituto das Tecnologias de Informação da Justiça (ITIJ) é totalmente alheio e da qual não havia sido previamente informado. A ligação já se encontra restabelecida desde as 15.45 de hoje [ontem]\", informou, via email, o MJ, garantindo ainda que \"O ITIJ irá notificar o operador em causa para que cumpra rigorosamente o estabelecido quanto à informação prévia de intervenções técnicas que tenham influência nas comunicações dos serviços da justiça\".

Apesar de várias tentativas, o JN não conseguiu nenhuma reacção da Portugal Telecom.

Responsabilidades à parte, certos foram os transtornos que a avaria gerou. Para tentar minorar os efeitos do problema e no sentido de evitarem o adiamento do menor número de julgamentos, alguns magistrados recorreram aos velhos gravadores a cassetes que restaram depois da informatização do tribunal. No entanto, grade parte das audiências tiveram mesmo que ser adiadas. \"Por acaso, neste processo, há duas testemunhas que moram em Inglaterra, mas, por sorte, não vieram. As que estavam aqui eram de perto e reformadas, por isso, o transtorno foi menor\", contou, ao JN, um advogado que à primeira hora da tarde de ontem viu um julgamento adiado.

Outro problema gerado pela falha prendeu-se com as notificações electrónicas feitas pela secretaria do tribunal aos advogados, através da própria aplicação informática. \"Recebíamos as notificações, mas, quando clicávamos, não as conseguíamos abrir. Em termos de prazos, isto pode ser complicado. Qual é a data considerada para fins de notificação? Quando a mensagem caiu, ou quando se conseguiu abrir?\", questionou outro advogado.

Este ano, aquele não é o primeiro problema a afectar a produtividade do Tribunal de Chaves. Em Janeiro, o serviço judicial flaviense esteve a funcionar a \"meio gás\" durante algum tempo por causa de constantes falhas eléctricas.



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